Política

Marcelo despede-se do estado de emergência e passa a bola ao Governo: "2021 terá que ser o ano da reconstrução social justa"

Marcelo despede-se do estado de emergência e passa a bola ao Governo: "2021 terá que ser o ano da reconstrução social justa"
NurPhoto/Getty Images

O estado de emergência "caminha para o fim" e Marcelo começa a virar a página. Se 2020 foi o ano "da luta pela vida e pela saúde", 2021 "terá que ser" o ano da "reconstrução social justa", em que "as pessoas sintam que são verdadeiramente o centro". A poucos dias de o Governo mandar para Bruxelas o Plano de Recuperação e Resiliência e a poucos meses de mais um Orçamento do Estado, o Presidente mantém o foco das prioridades nos apoios sociais

Marcelo despede-se do estado de emergência e passa a bola ao Governo: "2021 terá que ser o ano da reconstrução social justa"

Ângela Silva

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa espera que esta seja "a última" renovação do estado de emergência e, na comunicação que fez esta quarta-feira ao país a propósito da 15ª vida deste quadro legal de exceção, começou a virar a página. "O desconfinamento deve seguir o seu curso de forma sensata" e o Presidente pede ao país para "pensarmos agora mais no futuro". Pela sua parte, o foco prioritário é o mesmo que alimentou o seu recente braço de ferro com o Governo a propósito de um reforço de apoios sociais imposto pelo Parlamento ao Executivo. E chama-se "pessoas".

"As pessoas têm que sentir que são verdadeiramente o centro da economia e da política", afirmou o Presidente, que deixou um recado muito claro ao Governo, em vésperas de apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência e em ante-vésperas de mais um Orçamento do Estado: "Se 2020 foi o ano da luta pela vida e pela saúde, 2021 terá que ser o ano do início da reconstrução social, sustentada e justa".

Marcelo reconhece que "a economia e a sociedade sofrem" e que "o caminho que se segue ainda será muito trabalhoso nos números da economia". Mas, avisou, "mais complicada é a situação das pessoas e é fundamental ter essa noção". O Presidente mostra manter-se fiel àquela que considera dever ser a prioridade nas agendas: não faltar com apoios sociais.

"Solidões dramáticas", "marcas nas vidas pessoais e profissionais", "agravamento da pobreza e das desigualdades", Marcelo foi enumerando as situações expostas nesta "ponta final da fase mais difícil", para concluir que, "se a economia demorará a dar os passos da reconstrução", "a sociedade demorará muito mais".

E é com o foco nas questões sociais, que o Presidente da República se prepara para sair de cena como promotor número um dos sucessivos estados de emergência - "mais de cinco meses nesta fase mais difícil" - e passa a bola ao Governo, a quem cabe a tarefa executiva de recuperação económica e social do país.

Sem garantir que o estado de emergência acabará daqui a 15 dias, Marcelo Rebelo de Sousa preparou o terreno nesse sentido. E apontou a solução possível para que o desconfinamento do país não pare - "confinamentos locais, se necessário".

Como o Expresso noticiou, a perspetiva do Presidente é que com o país a regressar genericamente à normalidade, os eventuais confinamentos locais nos concelhos que estão a regressar ao vermelho podem ser legalmente cobertos pela lei de proteção civil. À semelhança do que aconteceu em Ovar ou na Grande Lisboa, quando se fecharam 19 concelhos no verão passado.

Para isso, Marcelo pediu a todos "mais um esforço". Mas não escondeu que o momento é já de "ponta final" da fase mais difícil. A fase que se segue será "a mais trabalhosa".

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