Política

Maçonaria. Lobo Xavier diz que tem clientes "vítimas de perseguição" por rede maçónica de políticos e magistrados

Maçonaria. Lobo Xavier diz que tem clientes "vítimas de perseguição" por rede maçónica de políticos e magistrados

Advogado e conselheiro de Estado afirma ter clientes que se dizem vítimas de "extorsão" e "perseguição" por uma rede maçónica que, a existir, será composta por políticos e magistrados. Em discussão estava a proposta de lei do PSD para obrigar deputados a declarar se pertencem a organizações secretas.

Maçonaria. Lobo Xavier diz que tem clientes "vítimas de perseguição" por rede maçónica de políticos e magistrados

Rita Dinis

Jornalista

Na sequência da proposta legislativa do PSD (e do PAN) para obrigar os políticos a declarar se pertencem a associações como a Maçonaria e a Opus Dei, António Lobo Xavier, advogado, democrata-cristão e conselheiro de Estado, sugeriu, no programa Circulatura do Quadrado, que tem clientes que se dizem vítimas de extorsão e perseguição por parte de uma suposta rede maçónica composta por políticos e magistrados. "Eu não sei se é verdade. Tenho desconfianças, conheço a história da maçonaria, mas não sei quem eles são porque não se assumem", disse.

Mesmo sem provas ou garantias de que é verdade, o advogado lançou a suspeita: "Tenho clientes que me dizem que são vítimas de extorsão por serem ameaçados, se não entregarem dinheiro ou assumirem determinados comportamentos, são perseguidos por uma rede maçónica que vai da política às magistraturas", disse.

Lobo Xavier, contudo, acusou o PSD de Rui Rio de estar a ter "comportamentos persecutórios associados a mitos", e a querer atingir o PS e os seus "opositores internos no PSD que são, supostamente, segundo se diz, ligados à maçonaria".

Em causa está o facto de, esta terça-feira, o PSD se ter juntado ao PAN na proposta de uma alteração legislativa para tornar obrigatório que deputados e titulares de cargos públicos declarem, no seu registo de interesses, se pertencem a associações e organizações "discretas" como a maçonaria e Opus Dei. A proposta foi feita numa reunião da comissão parlamentar de Transparência e Estatuto dos Deputados em que estava previsto o debate do diploma apresentado pelo partido PAN para incluir no regime do exercício de funções dos titulares de cargos políticos "um campo de preenchimento facultativo" para indicarem se pertencem a esse tipo de organizações.

No mesmo programa de comentário semanal na TVI, Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, mostrou-se frontalmente contra a proposta, por ser uma questão "da vida privada". "Não acho que as pessoas tenham de apresentar e declarar que fazem parte da maçonaria ou Opus Dei. É do domínio da vida privada, são organizações que têm regras de discrição e algum secretismo", disse, sublinhando ainda que o interesse dos partidos por detrás destas propostas é apenas o de "dizer que qualquer uma destas organizações é uma teia de interesses". "A política não se faz assim", defendeu.

Também Lobo Xavier, depois de ter levantado suspeitas sobre as ligações maçónicas ao poder político, defendeu que maçonaria e Opus Dei não são equiparadas -- e obrigar alguém a declarar se pertence à Opus Dei "fere a liberdade e direito de culto". Até porque, ao contrário da Maçonaria, disse, a Opus Dei é "reconhecida como pessoa coletiva pelo estado português, abrangida por acordos de Portugal com a Santa Sé, ou seja, é uma instituição prevista na hierarquia da Igreja Católica", logo, não é secreta.

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