A revolução que o Governo se prepara para fazer na organização das Forças Armadas e na estrutura superior de comando está a gerar tantas dúvidas e resistências entre os militares que uma associação que junta 36 oficiais-generais na reserva (entre eles vários ex-chefes de Estado-Maior) enviou uma carta ao Presidente da República e comandante supremo a contestar a concentração de poderes no chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA). O projeto, que o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, vai apresentar hoje (sexta-feira, dia 19) no Conselho de Estado, já teve a concordância das chefias do Exército, da Marinha e da Força Aérea — mas com críticas e reservas suficientes para Marcelo Rebelo de Sousa estar empenhado em conseguir que o Governo equilibre a proposta de forma a que o reforço do CEMGFA não esmague os chefes dos três ramos.
Se a perda de poder já era suficiente para deixar as chefias desconfortáveis (ver perguntas & respostas ao lado), o facto de o ministro da Defesa ter enviado o projeto definitivo, para apreciação, apenas seis horas antes do Conselho de Chefes de Estado-Maior realizado na sexta-feira (12 de março), aumentou o mal-estar: como as alterações que colocam os chefes dos ramos definitivamente na dependência hierárquica do CEMGFA foram aprovadas de véspera — no longo Conselho de Ministros para decidir o desconfinamento —, a interpretação foi de que o atraso terá sido propositado. Uma “desconsideração e uma afronta para apoucar os chefes”, diz ao Expresso o general Luís Araújo, antigo CEMGFA e ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea.
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