Política

Moedas falha um objetivo. Iniciativa Liberal vai sozinha a Lisboa nas autárquicas

Moedas falha um objetivo. Iniciativa Liberal vai sozinha a Lisboa nas autárquicas

Cotrim Figueiredo anunciou decisão e candidata Miguel Quintas à câmara da capital. “Lisboa precisa da energia da Iniciativa Liberal", justifica o líder do partido. Moedas fará frente de direita, mas mais reduzida do que ambicionou

Moedas falha um objetivo. Iniciativa Liberal vai sozinha a Lisboa nas autárquicas

David Dinis

Diretor-adjunto

Moedas falha um objetivo. Iniciativa Liberal vai sozinha a Lisboa nas autárquicas

Liliana Coelho

Jornalista

Afinal, Carlos Moedas não conseguiu juntar os partidos da direita (sem o Chega) na corrida contra Fernando Medina: este sábado, a Iniciativa Liberal (IL) anunciou que vai apresentar listas próprias nas próximas eleições autárquicas, no município da capital, com Miguel Quintas a ser o cabeça-de-lista.

"Lisboa precisa da energia da Iniciativa Liberal”, disse João Cotrim Figueiredo, líder do partido que teve quase 6% dos votos no concelho nas últimas presidenciais (pouco mais de 1% nas legislativas, a sua estreia eleitoral).

O anúncio foi feito este sábado por João Cotrim de Figueiredo, após a comissão executiva da IL se ter reunido para discutir a estratégia autárquica. Miguel Quintas será o candidato à presidência da Câmara de Lisboa, com Ana Pedrosa-Augusto em segundo lugar, disse o líder dos liberais em declarações aos jornalistas a partir da Praça do Município.

Licenciado em Gestão e Administração de Empresas, Miguel Quintas desenvolveu grande parte da sua carreira no sector das Tecnologias e Turismo e é atualmente um dos membros da coordenação do núcleo de Lisboa da IL. Já Ana Pedrosa-Augusto é advogada e ex-vice-presidente do Aliança, tendo representado Madonna na sua passagem pela capital.

"Olá, o meu nome é Miguel, e mais do que um desconhecido, sou seu vizinho, e se precisar de alguma coisa estou aqui", afirmou Miguel Quintas durante a sua apresentação, no habitual registo informal e de proximidade dos liberais.

Admitindo que o contexto é difícil, assombrado pela pandemia, e que terá uma longa campanha pela frente, o candidato liberal assume-se como uma alternativa face a uma "câmara municipal entregue aqueles que a querem apenas usar como rampa de lançamento para voos maiores"."Estou aqui como prova da resiliência dos lisboetas, como testamento à capacidade daqueles que diariamente lutam por um lugar ao sol numa cidade que vive à sombra de conferências internacionais e negócios mal explicados, como voz daqueles que estão fartos de viver à mercê de um planeamento de fachada que empurra para fora aqueles que são, foram, e sempre serão a alma deste sitio", afirmou Miguel Quintas.

Já Ana Pedrosa-Augusto sublinhou que só aceitou o convite da IL para ser a número dois da lista, porque Miguel Quintas não é um político "como o de costume" e a IL é um partido "onde se premeia o mérito das ideias sobre a mera fama pública".

"Infelizmente, Lisboa é cada vez mais apenas um sítio de exercício de poder pelo poder, onde a governação é dirigida apenas para perpetuar a subordinação e dependência de alguns. E como se não bastasse, a situação atual de pandemia e de crise económica só torna ainda mais evidentes as fragilidades de uma cidade que apesar de todo o potencial, é pensada apenas para o curto prazo, para as soluções fáceis, e para satisfazer eleitorados pré-definidos e ideologicamente vantajosos", declarou Ana Pedrosa-Augusto.

Desde o início das conversações com Carlos Moedas ficaram evidentes as divisões no seio do partido, porque apesar de ser consensual que o candidato apoiado pelo PSD e CDS é forte e competente, poderia ser um erro estratégico não avançar com uma candidatura própria no concelho onde os liberais contam com mais intenções de voto.

Ao Expresso, João Cotrim de Figueiredo admitiu há uma semana que Carlos Moedas, de quem é amigo, é um político com uma "costela liberal", mas uma eventual coligação pré-eleitoral estaria dependente de um programa autárquico para Lisboa que assumisse uma "linha liberal" em várias áreas desde a habitação, aos transportes ou às taxas municipais. "Não basta libertar Lisboa do socialismo do PS, é preciso também que PSD e CDS se libertem dos seus hábitos, muitas vezes também, socialistas", atirou depois da primeira ronda de conversações.

A estratégia para as autárquicas, segundo o líder da IL, passará maioritariamente por listas próprias, sendo que as exceções têm que ser "muito fundamentadas face ao projeto e à ideologia do partido". "Os nossos critérios são acima de tudo a defesa dos valores e das ideias liberais, que não passa pelo exercício de poder a todo o custo", concluiu.

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