Política

Costa pede participação dos portugueses na consulta pública do Plano de Recuperação, “a vitamina que tanto ansiamos”

Costa pede participação dos portugueses na consulta pública do Plano de Recuperação, “a vitamina que tanto ansiamos”
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Segundo António Costa, num artigo publicado no Diário de Notícias com o título "Acelerar o futuro", a maior originalidade do Mecanismo de Recuperação e Resiliência é responder a uma grave crise conjuntural com reformas e investimentos estruturantes do futuro

O primeiro-ministro, António Costa, voltou esta quinta-feira a apelar à participação de todos os portugueses na consulta pública do Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal (PRR), que "permitirá recuperar o país e acelerar o futuro".

Num artigo publicado esta quinta-feira no Diário de Notícias, com o título "Acelerar o futuro" António Costa sublinha que o PRR é um plano coerente e integrado numa estratégia de longo prazo, que exige a participação de todos os portugueses.

"É publicado hoje [quinta-feira] no Jornal Oficial da União Europeia o Regulamento do Mecanismo de Recuperação e Resiliência. Cumpre-se assim um dos primeiros objetivos da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia para pôr em marcha a "bazuca" com que a UE se mobiliza para efetivar a vitamina que tanto ansiamos", realça.

Nesse sentido, o primeiro-ministro indica que pode agora iniciar-se a negociação formal dos planos de cada Estado-membro, enquanto os parlamentos nacionais prosseguem a ratificação da decisão de aumento dos recursos próprios da União.

Segundo António Costa, a maior originalidade do Mecanismo de Recuperação e Resiliência é responder a uma grave crise conjuntural com reformas e investimentos estruturantes do futuro.

"Não se confunde, por isso, nem com instrumentos de resposta à emergência, como o SURE no apoio ao emprego, nem com o tradicional quadro financeiro plurianual de execução dilatada ao longo da década. Daí o exigente calendário de execução e a forte concentração temática na resiliência e na dupla transição climática e digital", refere.

O primeiro-ministro sublinha que no PRR "só cabe o que for executável até 2026 e o que for elegível neste triplo objetivo".

"O mais - e é muito - irá ser enquadrado nas outras fontes de financiamento, seja no PT2030, seja nos programas de gestão centralizada como o Horizon Europe, seja nos próximos Orçamentos do Estado (OE)", afirma.

De acordo com António Costa, o plano está alicerçado num sólido enquadramento estratégico, a Estratégia Portugal 2030, que integra a "Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030" desenvolvida pelo professor António Costa Silva.

No entendimento do primeiro-ministro, este "garante a coerência" com outros programas estratégicos nas áreas do ordenamento do território, do clima ou do investimento, e com as demais fontes de financiamento.

No artigo, António Costa destaca que o plano tem o objetivo claro de responder às necessidades imediatas de recuperar a economia e o emprego, através de investimentos exequíveis no curto prazo, e que acelerem a transformação estrutural do país.

"Na dupla transição climática e digital, obviamente. Mas também na imperiosa necessidade de reforçarmos a coesão social e territorial e de aumentar o nosso potencial produtivo", disse.

António Costa lembra que a pandemia deu a radiografia das vulnerabilidades do país.

"Para enfrentarmos a crise pandémica precisamos simultaneamente de uma vacina contra o vírus e de uma vitamina robusta e eficaz, que nos permita não só recuperar as nossas economias, como também sair da crise mais fortes, mais sustentáveis, mais competitivos, mais coesos", disse.

O governante destaca que o plano prevê, entre outros, diversificar as valências e dotar a rede de cuidados de saúde primários de meios complementares de diagnóstico, alargar a rede de cuidados continuados integrados e paliativos, executar a reforma da saúde mental e reforçar os meios físicos e digitais do SNS mobilizará 1.249 milhões de euros.

Destaca igualmente a dupla transição climática e digital e a existência de 1.365 milhões de euros para investir na descarbonização da indústria e na capacitação digital das empresas, um investimento na escola do futuro e em formação profissional, qualificação, requalificação e educação ao longo da vida (1.928 milhões de euros).

António Costa defende ainda que "este não é um plano do Estado para o Estado. É um plano de Portugal para ser executado descentralizadamente por empresas, instituições do terceiro setor e do sistema científico, regiões e autarquias, cujos projetos o plano financiará, e que serão também os beneficiários últimos de um Estado menos burocrático e com serviços públicos de maior qualidade".

O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em outubro passado e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou na terça-feira a versão preliminar e resumida do PRR em consulta pública, no qual estipula "19 componentes, que integram por sua vez 36 reformas e 77 investimentos".

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