Política

Rodrigues dos Santos recusa disputa com Mesquita Nunes. Liderança vai a exame no sábado

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Presidente do CDS blinda o lugar. Fecha a porta ao Congresso extraordinário e cola o antigo vice-presidente aos negócios, a um "pequeno grupo" de Lisboa e a "desvios de identidade" do partido. Tira-teimas está marcado para o Conselho Nacional

Agora é oficial. Francisco Rodrigues dos Santos recusa medir forças com Adolfo Mesquita Nunes num Congresso extraordinário e vai pôr a sua liderança à prova num ambiente mais controlado. Em conferência de imprensa, esta terça-feira ao final da tarde, o presidente do CDS anunciou que pediu a convocação de um Conselho Nacional, no qual vai apresentar uma moção de confiança à direção.

O teste à liderança terá lugar numa reunião dos conselheiros agendada para sábado, com início às 11h00. Será realizada por videoconferência e terá uma ordem de trabalhos com um único ponto: apresentação, discussão e votação da moção de confiança à Comissão Política Nacional, conforme informou a assessoria centrista.

Ora, na breve declaração sem direito a perguntas dos jornalistas, feita a partir da sede do partido, em Lisboa, Rodrigues dos Santos denunciou as "agendas pessoais" e os "taticismos internos" dos que "acham que a política é um jogo de interesses e não o combate por valores" e lançou várias farpas ao challenger. "Acredito profundamente que nenhum português perdoa a um político que coloque a sua ambição partidária à frente do país", reforçou.

"Não abandonei o meu partido depois do pior resultado eleitoral", afirmou ainda, numa alusão implícita ao facto de Mesquita Nunes ter sido vice-presidente de Assunção Cristas. "Não me escondi, apresentei-me a votos e fui eleito para um mandato de dois anos", prosseguiu o líder centrista, dizendo ser "daqueles que respeita e cumpre a vontade dos militantes".

Perante o desafio de Mesquita Nunes, Rodrigues dos Santos revelou ter feito um "amplo processo de auscultação" de personalidades (militantes e independentes) e garantiu ter recebido "múltiplos apoios e incentivos" a continuar em funções. Em resultado disso, continuou, dará resposta aos adversários internos "no tempo e no lugar próprios", que, na sua perspetiva, é o Conselho Nacional, o órgão máximo entre conclaves (onde ainda contará com apoio maioritário).

Pelo caminho, e já depois de apontar o dedo aos que decidiram abandonar o barco - sem referir os nomes dos quatro dirigentes que saíram da Comissão Executiva - colou Mesquita Nunes a um CDS com "mutações" e "desvios de identidade" e reduzido a um "pequeno grupo da capital". E foi mais longe: "Comigo, o CDS continuará a erguer um muro entre a política e os negócios."

Este anúncio surge uma semana depois de Mesquita Nunes ter escrito um artigo no "Observador" no qual desafiava o líder do CDS a marcar um Congresso extraordinário, através do qual os militantes voltassem a ser ouvidos, por entender que o partido enfrenta uma "crise de sobrevivência" e que este é o último momento em que a inversão de rumo ainda é possível.

No fim-de-semana, em entrevista ao "Público", o antigo secretário de Estado do Turismo confirmou que será candidato à presidência caso o conclave seja marcado.

Pelo meio, Rodrigues dos Santos teve de lidar com uma verdadeira sangria de dirigentes. Na quarta-feira passada, Filipe Lobo d'Ávila (primeiro vice-presidente), Isabel Menéres Campos e Raúl Almeida abandonaram a Comissão Executiva e esta terça-feira foi a vez de José Miguel Garcez também apresentar a carta de demissão.

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