Política

Costa quer "apressar" controlo da pandemia e para isso trava às quatro rodas: escolas fecham todas por 15 dias

Costa quer "apressar" controlo da pandemia e para isso trava às quatro rodas: escolas fecham todas por 15 dias
MÁRIO CRUZ/LUSA

Números da estirpe britânica nos novos casos em Portugal fizeram quebrar a decisão de manter as escolas abertas. Costa assume o preço elevado da decisão e espera que esta seja por quinze dias.

Costa quer "apressar" controlo da pandemia e para isso trava às quatro rodas: escolas fecham todas por 15 dias

Liliana Valente

Coordenadora de Política

Como é que se acelera e trava ao mesmo tempo com o objetivo de controlar o veículo que se conduz? Costa tem dito que o difícil é ser o condutor nesta altura, tendo de tomar decisões muitas vezes contra os conselheiros, no banco do lado, contra a opinião pública e contra a própria vontade. Travar e acelerar ao mesmo tempo foi uma decisão política que António Costa resistiu a tomar, mas que acabou por decidir em dois atos. Primeiro, na segunda-feira, emendou as restrições ao confinamento geral, apertando-o. Depois, esta quinta-feira, decidiu pelo encerramento das escolas, de todos os graus de ensinos, por 15 dias. Uma travagem às quatro rodas, como lhe exigia um ex-ministro, que tem como objetivo não só recuperar o controlo da pandemia, como tentar acelerar esse processo: "Temos de apressar o controlo desta situação para prejudicar o menor tempo possível o tempo de aprendizagem das crianças que serão afetadas pela interrupção das atividades letivas", disse o primeiro-ministro na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira.

Tudo porque a nova estirpe britânica está a fazer disparar os contágios. António Costa assume que resistiu quanto pôde ao encerramento das escolas, mas o limite à resistência encontrou-o nos dados que lhe deram os especialistas do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA), que refere que a estirpe britânica começa a ser predominante em Portugal. Não há evidência que esta estirpe cause mais doença, mas é mais contagiosa, sobretudo entre as camadas mais jovens. Na semana passada dizia respeito a 8% dos casos, esta semana já representa 20% e a perspetiva é que atinja os 60% dos casos até ao final do mês. Foram estes números que levaram o primeiro-ministro a voltar atrás na sua intenção. É uma "nova realidade" em menos de uma semana que fez soar todas as campainhas de alarme.

"Face à estirpe e velocidade de propagação, o princípio da precaução leva à interrupção de todas as atividades letivas". Foi com esta frase que o líder do Governo decidiu pelo fecho das escolas, de todos os graus desde a creche até às universidades, passando pelos ATL (que tinha sido reabertos na segunda-feira) contra-vontade. No Governo continua a considerar-se que este é o preço mais alto a pagar e isso mesmo disse Costa: "A interrupção das atividades letivas é profundamente danosa", lembra o primeiro-ministro. "Não há dinheiro que pague o dano no processo de aprendizagem de uma criança".

Esta interrupção das aulas será depois "compensada no calendário escolar, pelo encurtamento ou cancelamento de outros períodos de interrupção que estavam previstos mais à frente", como as férias da Páscoa.

O prazo corre por 15 dias, depois será feita uma avaliação, também para o encerramento das lojas do Cidadão. Os serviços públicos só funcionarão por marcação e os prazos de prescrição suspensos e portas fechadas para todos os casos não urgentes.

Mas este pode ser um encerramento cego. Ninguém sabe quando se poderá dar o "ponto de inversão", disse Costa ou, por outras palavras, quando se ultrapassa o pico. Quinze dias permitem "avaliar a evolução da situação", mas são um tiro no escuro, pintalgado de optimismo. O primeiro-ministro não avança agora para o ensino à distância "é porque desejamos que esta interrupção seja de curta duração e tenha a devida compensação no calendário escolar". Assim a nova estirpe o permita.

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