As notícias são boas. O pico da segunda vaga foi ultrapassado, o número de contágios e internados começa a descer, um sinal de que as medidas adotadas estão a funcionar. No final da reunião desta quinta-feira no Infarmed, o primeiro-ministro foi o primeiro a falar. E se não deixou de enaltecer as boas notícias também não deixou de parte os alertas. Para isso, recorreu à expressão utilizada por Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que, horas antes na reunião ao analisar os números de países com menores graus de confinamento, deixara a advertência: "Isto é um aviso para nós. Logo que aliviamos a mola, a mola volta a subir. Costa aproveitou. "É necessário manter a pressão na mola", disse, até porque janeiro e fevereiro serão meses de risco.
"Foi uma reunião longa mas muito rica sobre a evolução epidemiológica em Portugal e na Europa, e também relativamente a informação de base sobre o processo de vacinação. Ficou claro que as medidas adotadas têm estado a produzir resultados, mas não podemos ainda aliviá-las", disse o primeiro-ministro. E valeu-se dos dados recolhidos na região Norte para reafirmar o ponto: "Há uma clara indicação de que se terá dobrado o pico da segunda vaga e que se entrou na fase descendente, quer em número de novos contágios, quer no que respeita a internamentos".
No entanto, a luta está para durar. Sem querer avançar qualquer das medidas a implementar nas próximas semanas - até porque só ao jantar as discutirá com Marcelo Rebelo de Sousa e só sábado se junta o Conselho de Ministros -, Costa lembrou que o ponto mais consensual entre todos os especialistas presentes na reunião foi mesmo que "para manter esta trajetória descendente é necessário manter a pressão na mola", a única forma de "consolidar este processo". Recorde-se que, segundo o Observador, em cima da mesa estará a liberdade de circulação entre concelhos nos dias 24 e 25 de dezembro.
No horizonte, está o Natal e a passagem de ano, dois períodos em que será impossível evitar um aumento dos contatos familiares e sociais. Ciente disso, assim como do clima no começo do ano ser também ele propício à disseminação do virus, o objetivo é manter "a dinâmica descendente para que se chegue ao período de Natal com a situação devidamente controlada". Quanto ao começo de 2021 não há mesmo grandes ilusões. "Como todos antecipam, necessariamente no início de janeiro e fevereiro, teremos riscos acrescidos, seja pelas questões de temperatura, seja pelo convício natalício, seja ainda pela confluência com outras doenças, como a gripe", disse.
Com lusa
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