Política

“Basta! Portugal não é uma república das bananas”, atira Rio sobre o Novo Banco

O presidente do PSD, Rui Rio, numa discussão no Parlamento
O presidente do PSD, Rui Rio, numa discussão no Parlamento
ANTÓNIO COTRIM

Líder do PSD afiança que sempre honrou e honra contratos, mas que quer ver se há zonas cinzentas na auditoria do Tribunal de Contas sobre os negócios do Novo Banco. “O que o PSD quer saber é se os portugueses e o Estado não estão a ser enganados”

“Basta! Portugal não é uma república das bananas”, atira Rio sobre o Novo Banco

Isabel Paulo

Jornalista

No dia em que inaugurou, no Porto, os cartazes alusivos aos 40 anos da morte de Francisco Sá Carneio, Rui Rio afiança que a declaração-mote do fundador do PSD - “Não há nada que pague a sinceridade na ação política” -, que consta dos outdoors, continua a fazer todo o sentido“ numa altura em que a verdade política está mais desvirtuada do que nunca”.

Um dia depois de ter aprovado a proposta do Bloco de Esquerda que impede a transferência de mais dinheiro do Fundo de Resolução para o Novo Banco, o presidente social-democrata afirma que “não olha se as propostas partem do Chega, CDS ou do Bloco”, mas para “o mérito” das mesmas. “Sabem que quando estou convicto de uma coisa é para andar para a frente”, assegura, sem poupar o Governo em relação à injeção de mais dinheiro na TAP ou ao facto de ter permitido o Congresso presencial do PCP, com início esta sexta-feira, titulado de “lamentável”.

“Conheci o PCP em 74, 75/76, por isso não tenho ilusões nem me surpreende a atitude prepotente”, diz, concordando que o Governo não o podia proibir, mas devia ter determinado que fosse realizado por vídeo-conferência. Rui Rio lembra que ele próprio gostaria de fazer um Congresso de revisão de estatutos e do programa do partido e que só não faz porque “seria o pior dos exemplos para os portugueses” durante o estado de emergência.

No dia seguinte à aprovação do Orçamento do Estado, chumbado pelo PSD, as críticas matutinas ao Governo socialista tiveram por primeiro alvo a injeção “de muito dinheiro na TAP” e a previsão de mais 500 milhões de euros, sem que antes tenha existido um plano de reestruturação da companhia de bandeira portuguesa. “Sem plano, nunca teria posto mais dinheiro nunca teria posto dinheiro numa empresa completamente falida”, garante, situação que diz não ser nada justa para os portugueses, que há anos andam com esta fatura às costas.

Antes de avalizar novas transferências do Fundo de Resolução para o Novo Banco, o líder do PSD volta a insistir que será a favor após “ver” a auditoria do Tribunal de Contas e ter “a certeza absoluta em relação a determinados negócios, se foram bons ou se os bens foram vendidos abaixo do que valiam”.

Rui Rio alega foi por isso que o PSD solicitou a auditoria ao Tribunal de Contas e votou favoravelmente a proposta do BE, por entender que é preciso clarificar situações cinzentas, “conforme revelou a auditoria da Deloitte. “Não há ciência exata sobre o valor de património, mas existem preços razoáveis”, salienta, referindo que o Estado cumprirá se a auditoria concluir que a venda de ativos do Novo Banco corresponderam a preços reais do mercado.

A promessa de António Costa que o Governo vai honrar os seus compromissos é para Rio uma declaração que o primeiro-ministro sentiu necessidade de fazer. “Eu, no seu lugar, não sentiria essa necessidade”, recordando que sempre foi um homem de honrar compromissos, desde que a contraparte "também os honre”.

“Isto não é uma república das bananas”, atira Rui Rio, que não tem dúvidas que o Estado tem de ser uma pessoa de bem, tal como o PSD não diz “que não honra contratos, só que não o fará às cegas”.

“O que o PSD quer saber é se os portugueses não estão a ser enganados”, avisa Rio, que quer ver os negócios do Novo Banco de alto a baixo para perceber se o Estado não anda a ser enganado. “Basta”, alerta.

"Choca-me o tratamento dado aos trabalhadores da TAP em relação aos outros portugueses em lay-off que tiveram um corte de 1/3 nos salários até € 1900, enquanto os da TAP que ganhem, por exemplo, € 15 mil recebam € 10 mil ou os que ganhem € 10 mil recebam € 6.500", acrescentou ainda Rio, afirmando que todos os trabalhadores deveriam ser tratados da mesma forma.

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