"É necessário renovar o estado de emergência. Os números apontam para isso, a pressão sobre o internamento e cuidados intensivos aponta para isso, a experiência recente também, o que foi dito sobre o tempo cada vez mais longo que as medidas precisam para serem eficazes apontam para isso", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no final da reunião no Infarmed. Ainda durante a tarde desta quinta-feira, o Presidente da República enviará o diploma para a Assembleia onde deverá ser votado amanhã, para que o Governo aprove o decreto de execução de forma a entrar em vigor na próxima segunda-feira.
Nos últimos dias, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os partidos. Esta manhã, reuniu-se com especialistas em saúde pública no Infarmed e, desta vez, a mensagem foi clara: "Estamos perante um desafio que não termina nos próximos quinze dias, continua nas semanas e meses subsequentes". E deixou um alerta aos governantes mas também aos portugueses. "Não há medidas que possam ser eficazes se os portugueses não acreditarem nelas. A prevenção começa em cada cidadão, em procurar compatibilizar esforço sanitário com a vida social, cultural e económica".
Quanto à comunicação e à necessidade de fazer os portugueses acreditar e confiar nas medidas a aplicar, Marcelo ainda lembrou que, tal como em outros países, também por cá se nota uma "subida do sentido crítico em relação aos políticos e à resposta das estruturas de saúde". E para que não restassem dúvidas, explicou que o fenómeo se reflete nos números da pandemia. "Corresponde ao agravamento da pandemia - e está a acontecer em toda a parte. Quer isso dizer que é importante que os portugueses assumam as medidas? Sim. A reação psicológica é decisiva. Os portugueses terão mostrado relutância em cumprir as medidas? Não, têm sido exemplares", disse.
Mais medidas a caminho
Sobre as medidas a adotar - que o Governo deverá anunciar amanhã, após novo Conselho de Ministros - o Presidente voltou a ser claro. "Ao lado de medidas comuns a todo o território, é importante avançar para medidas específicas para a maior ou menor gravidade da situação - é diferente ao nível de 240, 480, por 960 por 100 mil habitantes", defendeu, antes de apontar a uma "complementariedade que não era possível há oito meses" e que agora poderá ser salvaguardada no decreto do estado de emergência.
No final de uma reunião em que os riscos inerentes ao ensino superior e à restauração foram abordados. Marcelo também não fugiu ao tema. "Do que se ouviu parece evidente não existir necessariamente um nexo - sobretudo no Superior - entre o ensino presencial e o agravamento do contágio. Certamente o Governo tomará em linha de conta", disse. E sobre a restauração? "O estudo do professor Henrique de Barros aponta para um apelo feito às pessoas, porque em última análise depende do comportamento de cada qual: saber distanciar-se, desinfetar e respeitar a proteção possível e desejável. O estudo não diz que seja claro que a restauração seja factor de agravamento de contágio, depende do comportamento cívico dos portugueses".
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