Afinal, o Chega vai viabilizar Governo de direita dos Açores
Líder do Chega diz ter alcançado "pontos de convergência" com o PSD, que justificam a viabilização de um governo de direita nos Açores
Líder do Chega diz ter alcançado "pontos de convergência" com o PSD, que justificam a viabilização de um governo de direita nos Açores
Jornalista
André Ventura anunciou esta quinta-feira que vai dar luz verde ao governo PSD/CDS/PPM nos Açores, um dia depois de ter anunciado a suspensão das negociações com os sociais-democratas.
"O Chega informará hoje o sr. Representante da República na Região Autónoma dos Açores de que se encontra indisponível para viabilizar um governo socialista na Região e, através dos seus deputados eleitos, votará favoravelmente ao governo liderado por José Manuel Bolieiro", afirma o líder do Chega em comunicado, após ter anunciado na quinta-feira que não havia condições para o partido dar luz verde a uma coligação de direita na região.
De acordo com Ventura, foram encontrados "pontos de convergência" durante as últimas negociações, justificando volte-face tendo o PSD se comprometido a nível regional "a alcançar as metas de redução significativa de subsidiodependência na região", a criar "um gabinete regional de luta contra a corrupção" e a desencadear "um projeto de revisão constitucional regional" que prevê a redução do número de deputados na região.
Já no plano nacional, os sociais-democratas terão garantido também ao Chega que irão apresentar ainda durante esta sessão legislativa um projeto de revisão constitucional, que deverá incluir a redução do número de deputados e a reforma no sistema de Justiça.
"Estes não são todos os pontos que gostaríamos de ver transpostos para uma revisão constitucional, mas representam a garantia que teremos um dos grandes partidos a defender pontos de vista que consideramos muito importantes na revisão constitucional que entendemos que o país deve fazer", sublinha Ventura, que acabou por ceder em relação a uma das suas linhas vermelhas que passava pela necessidade de o PSD participar no processo de revisão constitucional do partido.
Desde a noite eleitoral, estavam definidas as condições do Chega para viabilizar uma solução governativa de direita nos Açores. Com a perda da maioria absoluta do PS e o Chega a ser a quarta força mais votada nas eleições regionais com 5.262 votos, elegendo dois deputados, André Ventura não hesitou em assumir comando das negociações. Mesmo que isso implicasse críticas a nível regional, que conduziram nomeadamente à demissão do vice-presidente do Chega/Açores, Orlando Lima, que acusou Ventura de assumir uma "postura centralista" descurando os "interesses dos açorianos".
No entanto, sem a cedência de Rui Rio, Ventura anunciou na quinta-feira que as negociações entre o Chega e o PSD estavam suspensas desde quarta-feira à noite e confirmou que o partido iria votar contra o Governo de coligação PSD/CDS/PPM na Região Autónoma. "Ou conseguimos negociar à segunda ou à terceira, ou há novas eleições", ameaçou. Mas, afinal, poucas horas depois seria mesmo Ventura a recuar.
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