O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, alerta para as consequências de um novo Estado de Emergência para o sector e pede mais medidas ao Governo.
"Todas as medidas que impliquem dificuldade à mobilidade, as pessoas ficarem em casa evidentemente que neste tipo de estabelecimentos nomeadamente, os que têm a porta aberta para a rua, quer os que estão nos centros comerciais vão sofrer o impacto", declarou João Vieira Lopes à saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o líder da CPP, cabe ao Governo definir as "medidas necessárias" para combater a pandemia, mas ao mesmo tempo salvar a economia através de mais apoios para as empresas.
"O que nos parece equilibrado é que o Governo independentemente das preocupações do défice e da dívida - que neste momento na nossa opinião não devem ser prioritárias -, o Governo deve apostar claramente em pensar como é que vai manter as empresas e como é que vai criar estímulos ao consumo", alertou.
Face ao contexto internacional de incerteza e às dúvidas sobre o mercado externo, João Vieira Lopes considera que é imperativo o Governo garantir a sobrevivência das empresas através de três níveis de medidas. Entre elas, o lay-off para manter postos de trabalho; medidas de apoio fiscal ou "outras a fundo perdido para as empresas terem tesouraria" face às dificuldades e apoiar uma "solução para o arrendamento comercial que divida o esforço entre senhorios, Governo e empresários", explicou.
Questionado sobre se a CPP é contra o Estado de Emergência, João Vieira Lopes afirmou que não se deve pronunciar sobre essa matéria, mas alertar apenas para as consequências para as empresas e "exigir ao Governo que tome as medidas necessárias" para garantir a sua sobrevivência, nomeadamente das PME que constituem a larga maioria do tecido empresarial português.
CAP critica obrigatoriedade do teletrabalho
Já o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, manifestou-se contra a possibilidade de um novo confinamento total, sublinhando que a economia não "suportaria" um confinamento semelhante ao que aconteceu em março. "O senhor Presidente concorda que um confinamento global é algo que não poderá acontecer", disse o presidente da CAP.
Em linha com os presidentes da UGT e da CIP, Eduardo Oliveira de Sousa criticou também o regresso do teletrabalho no âmbito da pandemia. "Temos de encontrar formas de poder continuar a produzir. Em concertação social, todos os parceiros sociais foram contra o teletrabalho e o teletrabalho agora é obrigatório. Não é aceitável que toda a gente possa fazer teletrabalho", sustentou.
Esta quarta-feira é o segundo dia de audiências em Belém com os parceiros sociais para discutir o Estado de Emergência, que deverá ser votado na sexta-feira no Parlamento.
[Artigo atualizado às 20h26]
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