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Orçamento do Estado. Desconfiado de “truques”, Bloco prepara voto contra

António Costa sempre deu a entender que o parceiro preferencial era o PCP, enquanto a relação com o Bloco esfriava
António Costa sempre deu a entender que o parceiro preferencial era o PCP, enquanto a relação com o Bloco esfriava
Nuno Botelho

Bloco de Esquerda saiu das últimas negociações sem garantias. Agora, com abstenção do PCP, fica mais livre... ou menos relevante

Orçamento do Estado. Desconfiado de “truques”, Bloco prepara voto contra

Liliana Valente

Coordenadora de Política

A noite já ia longa. As amplas comitivas do Bloco de Esquerda e do Governo partiam pedra há horas, numa reunião marcada depois de a relação entre as duas partes atingir um pico de tensão. O Governo iniciara o encontro com uma novidade: estaria disposto a deixar cair uma das condições para aceder ao novo apoio social, de forma a aproximar-se do BE e permitir que mais desempregados acedessem à prestação. Uma cedência importante, que pode vir a custar mais 150 milhões de euros (a juntar aos 450 milhões já previstos), para tentar apagar uma linha vermelha de Catarina Martins. Foi então que os bloquistas perguntaram: afinal, a condição de acesso seria ou não aplicada aos trabalhadores independentes? Do lado do Governo, hesitação: o ministro das Finanças, João Leão, preferiu não responder ali. Fazendo-se nova mexida nessas condições, seria preciso despejar ainda mais dinheiro. A equipa negocial saiu da sala sem mais esclarecimentos. E o silêncio manteve-se durante três dias, desde essa terça-feira até ontem, quando o Governo enviou uma resposta que... não esclareceu o BE. As duas partes voltaram a não se entender.

Esta sexta-feira, novo episódio. No Parlamento, Mariana Mortágua perguntou a João Leão se, como parece, “não tinha gasto um cêntimo” do Orçamento Suplementar. E ainda se era verdade que o orçamento para o SNS é 143,6 milhões inferior ao previsto no mesmo Suplementar. Leão respondeu-lhe que o OS estava a ser “executado até acima” do previsto na Segurança Social (não se referindo à Saúde) e que para 2021 houve um aumento de “mais de mil milhões” em relação a 2020.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lvalente@expresso.impresa.pt

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