O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considera que o Orçamento do Estado para 2021 não responde às reais necessidades do sector da Saúde. Na audiência que teve hoje em Belém, o representante dos médicos aproveitou para manifestar as suas preocupações em relação ao documento, nomeadamente o facto de o Orçamento não incluir nenhuma referência às carreiras dos médicos.
"Não há nada que se refira às carreiras dos vários profissionais, nomeadamente à carreira médica, uma falha grave na nossa opinião neste Orçamento do Estado, entre muitas outras que poderiam desde já ser incluídas e estarem referidas no OE, como, por exemplo, considerar a profissão de médico uma profissão de risco e de desgaste rápido", afirmou Miguel Guimarães aos jornalistas após a reunião com o Chefe de Estado.
Admitindo que o atual contexto da pandemia era altura para o Governo reconhecer a importância dos profissionais de Saúde, o bastonário observou que é insuficiente o subsídio de risco previsto para todos os médicos e enfermeiros que estão na linha da frente do combate à Covid-19.
"Este era o momento certo. Em vez de estarem com incentivos para as pessoas que estão na linha da frente, que nós não sabemos bem quem está na linha da frente e quem está na retaguarda. Neste momento todos os profissionais de Saúde fazem o seu papel da melhor maneira possível, uns a fazer uma determinada função, outros a fazer outra função. Mas todos a tratar dos doentes, a tratar dos portugueses", acrescentou.
Segundo o bastonário, os profissionais de Saúde fizeram um "trabalho notável durante esta pandemia, estão neste momento a fazer um trabalho notável e vão continuar a fazer porque nunca vão desistir". "Colocam sempre os doentes em primeiro lugar e isso não transparece neste Orçamento do Estado", insistiu.
Na segunda-feira, Miguel Guimarães já tinha adiando que iria também discutir com o Marcelo Rebelo de Sousa as suas preocupações relativamente à gripe sazonal, alertando que "a vacinação parece, novamente, estar atrasada" o que é "muito mau nesta altura".
O bastonário dos Médicos manifestou-se também satisfeito com o facto de o Presidente da República ter agendado audiências com representantes de várias instituições e especialistas de saúde no âmbito da pandemia, ao contrário da ministra da Saúde, Marta Temido. Na opinião de Miguel Guimarães, numa "altura crítica para o país" é fundamental que que os governantes tirem "partido do conhecimento" de pessoas de diversas áreas, apontando o dedo à tutela.
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