Política

Costa responde a Rio: empresas serão as mais beneficiadas na retoma. Plano terá comissão de acompanhamento

Costa responde a Rio: empresas serão as mais beneficiadas na retoma. Plano terá comissão de acompanhamento
TIAGO MIRANDA

Foi uma das mudanças da primeira versão do Plano de Recuperação e Resiliência para a versão que António Costa vai levar a Bruxelas: as empresas podem concorrer a cerca de 6 mil milhões de euros

Costa responde a Rio: empresas serão as mais beneficiadas na retoma. Plano terá comissão de acompanhamento

Liliana Valente

Coordenadora de Política

Ainda antes de o pano cair, ou seja, antes de ser o primeiro a chegar a Bruxelas (“a não ser que alguém chegue às 8h30 da manhã) e entregar a Ursula von der Leyen o Plano de Recuperação e Resiliência, António Costa quis sossegar o líder do PSD por duas vias. Primeiro deixar-lhe a garantia que as empresas serão as “maiores beneficiárias” de grande parte da “bazuca” de fundos europeus e em segundo lugar garantir um extra no “acompanhamento político” dos fundos, ao confirmar que haverá uma comissão de acompanhamento própria dos fundos, como noticiou o Expresso.

No plano dos apoios, o primeiro-ministro diz que ouviu as críticas e mudou algumas ideias do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente no que às empresas diz respeito. “Além de serem beneficiárias” diretas, “há pelo menos 6 mil milhões de euros que são elegíveis para empresas exclusivamente ou em conjunto com outras entidades”, disse António Costa, na apresentação do esboço do PRR, que irá entregar na quinta-feira a Bruxelas.

Uma resposta direta a Rui Rio, que saiu das audições com o primeiro-ministro sobre o PRR a dizer que este plano deveria ser mais focado nas empresas e menos no Estado. “Nas suas diferentes gavetinhas” na versão inicial, respondeu Costa, o PRR já tinha 2,5 mil milhões de euros e agora haverá um acréscimo nos fundos destinados à descarbonização da indústria e para a transição digital. Depois, ainda serão beneficiárias indirectas dos fundos que serão utilizados por entidades públicas, sublinhou. “Não é o Governo que vai construir [as obras públicas], é uma empresa”.

As contas foram também apresentadas pelo ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, que referiu que nesta versão final do esboço que agora será negociado com Bruxelas, houve um acréscimo nas rubricas para as empresas que assim poderão aceder a 3.850 milhões de euros (a que se juntam as verbas com outras entidades).

Não foi só neste ponto que Costa quis deixar mensagens para o presidente do PSD ouvir. No primeiro debate quinzenal, a troca de perguntas e respostas entre Rui Rio e António Costa focou-se bastante na transferência e no combate à corrupção por causa da utilização dos fundos europeus. Esta quarta-feira, António Costa anunciou que haverá uma comissão de acompanhamento dos fundos, que acresce ao protocolo entre a Agência para o Desenvolvimento e Coesão e o Ministério Público e a comissão de acompanhamento que será criada na Assembleia da República.

Esta comissão, noticiada pelo Expresso, terá o primeiro-ministro no topo e contará com os presidentes eleitos das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional eleitos ontem, com os membros do Conselho Territorial e com os parceiros sociais, incluindo as misericórdias e mutualidades. Tudo porque, disse, é necessário um “acompanhamento político deste dossier” para dar “confiança” na execução dos fundos.

Perante as críticas que se têm ouvido nas últimas semanas, de necessidade de maior transparência e controlo na aplicação destes fundos, o primeiro-ministro quer tirar a imagem de que Portugal é um país corrupto, que gere mal os fundos. “Gostamos muito de nos martirizar, mas a história dos fundos é uma boa história reconhecido pelos relatórios da Comissão Europeia”, disse.

Para fechar este argumento, referiu que há uma “baixíssima taxa de investigações abertas e concluídas” sobre gestão danosa de fundos e que o país não pode ter “nenhum complexo da execução”, até porque estes fundos estarão debaixo de um “escrutínio muito exigente” não só de legalidade como de cumprimento dos objetivos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lvalente@expresso.impresa.pt

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