Política

Marques Mendes: PCP vai viabilizar Orçamento do Estado

Marques Mendes: PCP vai viabilizar Orçamento do Estado

Comentador político diz que comunistas vão permitir que o OE seja aprovado através da sua abstenção na votação. E critica decisão do Governo sobre a não renovação do mandato do presidente do Tribunal de Contas

Depois de muitos terem dado como certo que o PCP iria “estar fora” do processo de negociações com o Governo sobre o Orçamento do Estado de 2021, o PCP “prepara-se para o viabilizar através da sua abstenção”, antecipou Luís Marques Mendes no seu comentário de domingo na SIC.

Segundo Marques Mendes, não só os comunistas voltaram ao processo negocial, como “a maior parte das questões essenciais já estão acertadas”. “O partido pode não o anunciar já, mas é isso que está combinado”, garantiu, assumindo que ele próprio não estava à espera desta “reviravolta surpreendente”.

Para este desfecho terão contribuído vários fatores como a “excelente relação entre António Costa e Jerónimo de Sousa” e ainda o facto de o PCP estar “agradecido” pela ajuda do Governo dada em várias ocasiões nos últimos tempos, nomeadamente na realização da Festa do Avante.

A perceção de que deixar as negociações e a viabilização do OE nas mãos apenas do Bloco de Esquerda poderia gerar algum “incómodo” foi também determinante. Até porque o documento que será entregue no Parlamento a 12 de outubro deve conter algumas “medidas sociais importantes”, analisou o comentador.

Marques Mendes entende ainda que, na verdade, nenhum partido deseja uma crise política neste momento – o único a ganhar seria o “Chega” – e que todos “andaram a fazer bluff”.

“Quem se mete com o Governo…”

A não renovação do mandato do presidente do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, noticiada pelo jornal Sol este fim de semana, mereceu também as críticas de Luís Marques Mendes, numa decisão que classificou de “inqualificável”. Mesmo que o Governo já tenha decidido no passado não reconduzir titulares de alguns cargos importantes, como o de PGR, o comentador considera que este é um princípio novo e que não faz sentido, quando o cargo é exercido de forma “isenta” e “rigorosa”, como fez Vítor Caldeira, não se coibindo de fiscalizar e criticar o Governo em vários dossiers.

“Injusta ou justamente fica a ideia de que quem se mete com o Governo vai para a rua. Fica esta ideia e eu acho que não anda longe da verdade”, disse.

Ursula Von der Leyen “salvou” a União Europeia

No seu comentário televisivo, também falou da presidente da Comissão Europeia, com quem esteve pessoalmente esta semana, na reunião do Conselho de Estado. E a impressão não podia ter sido melhor: “É uma pessoa com ideias muito bem arrumadas, muito firme e determinada, que está a fazer uma revolução tranquila na União Europeia”.

Ursula Von der Leyen deixará várias marcas na União Europeia – do pacto para as migrações à colocação de temas como o ambiente e a transição digital na agenda – e uma em particular ficará na história, considerou. “A bazuca financeira, da qual iremos beneficiar com 750 mil milhões de euros, salvou a União Europeia. Se não fosse essa decisão, a Europa estava agora profundamente dividida, minada por populismos e extremismos”.

Presidenciais abrem guerra no PS

O comentador da SIC abordou ainda o incomodo que as presidenciais estão a causar no seio do PS, depois de esta semana dois ministros se terem referido publicamente ao assunto - em especial à candidatura de Ana Gomes.

Para Marques Mendes, as declarações de Pedro Nuno Santos e Augusto Santos Silva - depois de António Costa ter afirmado, ao Expresso, que os membros do Governo não deveriam referir-se ao assunto - são um sinal de "desautorização" do primeiro-ministro.

Idoso isolados

Numa nota final, Marques Mendes manifestou-se chocado com o silêncio de Graça Freitas, diretor Geral da Saúde, acerca da situação dos idosos que permanecem nos lares há vários meses. E comparou o caso com o 'desconfinamento' em curso no futebol, para concluir que, ao contrário do futebol, onde as pressões são muitas, os idosos não têm ninguém que fale por eles.

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