Governo e BE ainda não desfizeram o impasse. Se Novo Banco precisar de menos dinheiro, contribuição da banca pode ser suficiente
Durante a última semana, têm sido muitas as tentativas para ultrapassar o entrave à nova injeção de capital no Novo Banco. Do Governo ao próprio Bloco de Esquerda, têm sido postas várias soluções e ideias em cima da mesa, nenhuma delas com fumo branco até agora. Enquanto o BE quer que o negócio seja feito diretamente entre bancos — sem envolver o Fundo de Resolução —, no Governo surgiu a ideia de o Novo Banco pedir menos dinheiro ao Fundo de Resolução no próximo ano: esta verba deverá rondar os €450 milhões no máximo, ou seja, metade dos €900 milhões disponíveis. Com esta operação, seria possível que a injeção fosse paga pelas contribuições anuais da banca e ou acrescentando um empréstimo dos bancos, mas de menor montante. Esta pressão para que o pedido seja de valor mais reduzido já tinha sido feita pelo Fundo de Resolução e pela comissão de acompanhamento.
Uma solução desta natureza resolveria, em parte, a negociação com a banca — dado que seria paga quase na totalidade pelas contribuições que os bancos já têm de fazer —, mas não a questão política: o BE também não aceita uma transferência do Fundo de Resolução, porque pesa nas contas públicas. Dos dois lados há lamentos de que este está a ser um dossiê “muito difícil”. Na quinta-feira, a delegação bloquista esteve reunida com João Leão até às duas da manhã, mas saiu sem ficar convencida com os argumentos do Executivo, que acredita serem tentativas de iludir o problema principal: o facto de estar envolvida uma garantia pública. Do lado do Governo, diz-se que está a ir ao encontro do que foi posto em cima da mesa pelo BE — a exigência de não injetar nem mais um cêntimo do Orçamento no Novo Banco —, daí a solução política de ser a banca a emprestar. “É isso que estamos a tentar, que o Estado não empreste ao Fundo de Resolução”, disse ontem Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Mariana Mortágua respondeu, minutos depois, que a solução do Governo era “muito difícil de aceitar”.
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