25 setembro 2020 23:00

George Glass, fotografado esta segunda-feira na Casa Carlucci, a residência do embaixador norte-americano em Lisboa, junto a “Donald”, uma escultura-mealheiro de Trump do artista Andy Yoder, de 2007
George Glass, Embaixador dos Estados Unidos em Portugal, ameaça, em entrevista ao Expresso, mudar a relação com Portugal na segurança e Defesa (com reflexos na relação política) se a Huawei entrar na rede 5G. E diz que se os chineses ganharam o terminal de Sines, o gás natural americano terá se encontrar outras alternativas.
25 setembro 2020 23:00
No promontório da sua residência na Lapa — onde Frank Carlucci e Mário Soares conspiravam nos idos de 1975, com uma vista avassaladora sobre o Tejo —, o embaixador dos Estados Unidos falou quase meia hora com o Expresso e deixou avisos em tom pouco diplomático. Sobretudo sobre o inimigo cuja embaixada fica ali a 300 metros: a China. George Glass, empresário do Oregon e amigo de Donald Trump, disse que Portugal “tem de escolher agora” entre o aliado ou o parceiro comercial, EUA ou China — no leilão para a tecnologia 5G, cujas regras estão a ser fechadas e que deve acontecer em outubro. Se a chinesa Huawei entrar na nova rede de telecomunicações, a relação com Portugal vai mudar. Mais: a entrada da CCCC na Mota-Engil pode dar lugar a sanções contra a empresa. E se os chineses ganharem o concurso para o segundo terminal de Sines, o destino no gás natural liquefeito será diferente. Para a semana, o subsecretário norte-americano da Economia estará em Lisboa.
Portugal tem relações seculares com a China, e é um dos países mais atlantistas da Europa. Hoje é um campo de batalha entre EUA e China?
Portugal acaba inevitavelmente por ser parte do campo de batalha na Europa entre os Estados Unidos e a China. Portugal faz negócios com a China há séculos, e isso é bem aceite, mas esta não é a mesma China com que lidou nos últimos 500 anos. Esta é uma nova China, com planos de longo prazo para acumular influência maligna através da economia, política ou outros meios. Há três anos, quando cheguei, a EDP estava no processo de ser comprada pelos chineses. Se quiser olhar para isto como um campo de batalha, essa foi a primeira.
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