Declaração da presidente da Câmara de Almada está a gerar polémica. Em reunião camarária, Medeiros elogiou as vistas “privilegiadas” dos bairros sociais do concelho
Jornalista
Um bairro com uma “vista maravilhosa” - tão maravilhosa que não se importaria de ir para lá viver já “amanhã”. Foi assim que Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, descreveu um dos bairros sociais do seu concelho, num comentário que está a gerar polémica depois de ter chegado às redes sociais.
A declaração da autarca socialista foi feita durante uma reunião de câmara pública, cuja gravação está disponível no Youtube, na passada segunda-feira. É num momento em que a discussão se centra nos planos de construção de privados para a zona do Porto Brandão, em Almada - e que merecem oposição à esquerda -, que a presidente da Câmara frisa as vantagens de outras zonas do concelho, incluindo as que albergam bairros sociais.
“Almada tem este privilégio de ter bairros sociais em espaços absolutamente maravilhosos, com uma vista invejável. Qualquer bairro social da margem norte tem inveja, e eu própria iria amanhã viver para o Bairro Amarelo, com aquela vista maravilhosa”, declara, por entre sorrisos, Inês de Medeiros, no clipe partilhado no Twitter pela deputada do Bloco de Esquerda e vereadora em Almada Joana Mortágua.
Na versão integral do vídeo, Inês de Medeiros prossegue, falando sobre o “privilégio” de Almada e garantindo que no concelho da Margem Sul não existe “um sistema de guetização”, estando o Executivo focado em lançar uma política “em sentido contrário”, com mistura de diferentes grupos sociais.
As declarações da autarca não demoraram a gerar polémica, para já sobretudo nas redes sociais. No Twitter, Joana Mortágua criticou as declarações feitas para “justificar a aprovação de um hotel de cinco estrelas no Porto Brandão”, rematando: “Qualquer comentário é redundante”.
Também a associação Rés do Chão - Associação pelo Direito à Habitação partilhou o vídeo, com duras críticas às palavras da autarca: “Que privilégio é este? Casas sem condições, e 8000 pessoas sem casa. É assim a política de habitação em Almada”, escreveu no Facebook.
O Expresso tentou contactar Inês de Medeiros, mas sem sucesso, até à hora de publicação deste texto.
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