Política

Marisa Matias sobre Marcelo: “Num mandato marcado por tanta presença, algumas ausências tornam-se bastante visíveis”

Marisa Matias sobre Marcelo: “Num mandato marcado por tanta presença, algumas ausências tornam-se bastante visíveis”
JOSÉ COELHO/LUSA

A candidata do Bloco de Esquerda reconhece em entrevista que o mandato do atual presidente foi “incomparável”, mas ainda assim lembra que Marcelo esteve ao lado da solução do Novo Banco. Num cenário de crise política, quer “contribuir para soluções”. E isso envolve debater com Ana Gomes, e não abdicar da corrida a favor dela

Em entrevista ao “Público” e à Rádio Renascença, Marisa Matias, candidata à Presidência da República com o apoio do Bloco de Esquerda, diz que não foi de “ânimo leve” que decidiu avançar, mas “a crise não acabou com a política” e “é precisamente o papel de um Presidente da República ajudar a contribuir para soluções.”

A eurodeputada aponta objetivos como “investir em salários e pensões e para proteger os mais velhos”, uma área em que “é preciso fazer um investimento e reestruturação completa da nossa sociedade.” E aproveita para fazer o contraste com o atual Presidente: considera que “o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa foi incomparável” e aponta para um encontro no problema dos cuidadores informais e dos sem-abrigo, por exemplo.

Porém, Marisa Matias não esquece a ação (ou falta dela) do Presidente em três eixos da governação que considera essenciais: o sector financeiro e o facto de Marcelo ter estado “ao lado da solução que foi encontrada para o Novo Banco”; a pressão que fez para “manter as parcerias público-privadas dentro do SNS” aquando a discussão da Lei de Bases da Saúde; e o facto de não ter estado ao lado de quem sofreu e lutou contra as desigualdades laborais. “Num mandato marcado por tanta presença, algumas das ausências tornam-se bastantes visíveis”, conclui a candidata.

Quando questionada sobre André Ventura, candidato do Chega, Marisa Matias lembra: “enquanto deputada ao Parlamento Europeu pude trabalhar nas várias comissões de inquérito em relação aos offshores e nelas encontrei a empresa com a qual André Ventura trabalhou até há bem pouco tempo. É um senhor vigarista e cobarde, que não está ao lado do português comum, mas ao lado dos interesses financeiros que todos os dias assaltam quem diz representar.” Mas não se quer distrair: a extrema-direita é um preocupação “na UE e fora dela”, mas a história recente mostra que, “de cada vez que a esquerda se distraiu e foi atrás de resposta ao populismo, em vez de trazer respostas concretas para a vida das pessoas, perdeu.”

Sobre uma eventual desistência a favor de Ana Gomes, Marisa Matias reconhece proximidade de pensamento, mas garante: há vários temas em que divergem e podem ter um debate “sem nenhum drama”. E por isso não crê que a socialista lhe peça para abdicar das eleições - e vice-versa. “Acho que há espaço”, conclui.

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