Política

Costa, a covid-19 e as novas restrições: “Tenho uma linha vermelha. Não podemos fechar outra vez”

Costa, a covid-19 e as novas restrições: “Tenho uma linha vermelha. Não podemos fechar outra vez”
ANTÓNIO COTRIM/ Lusa

O primeiro-ministro enunciou as novas restrições que se aplicam em todo o país, que voltarão a ser mais apertadas em Lisboa e Porto, mas também junto às escolas. Não haverá alívio de regras, nem no desporto. E segue-se um ligeiro apertar para todos, embora sem máscaras obrigatórias nas ruas. Mas a mensagem para os portugueses é clara: é preciso um esforço, porque não é possível fechar tudo outra vez

Em atualização

O primeiro-ministro deu a cara pelas novas medidas de restrição, as tais que acompanham um país - todo ele - de novo em estado de contingência, já a partir de terça-feira. E apareceu com uma mensagem determinada, a justificar esse novo apertão nas regras: "Temos uma linha vermelha: não podemos voltar a fechar as escolas, não podemos voltar a fechar a economia."

Há uma parte dessas regras novas que o primeiro-ministro não quis revelar no seu todo. São as que quer aplicar apenas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto para empurrar as empresas para um desfasamento de horários e de trabalho em espalho, de forma a libertar um pouco os transportes públicos e os espaços de trabalho. Ficou só a formulação genérica, porque o diploma ainda terá de passar pelas mãos dos parceiros sociais - uma obrigação legal, visto ser matéria laboral.

De resto, embora a estratégia do Governo seja mais de não aliviar nada (por exemplo, os espetáculos desportivos continuarão sem público, sine die), há mais clareza em alertar os portugueses para a necessidade de manter o distanciamento físico, mais até do que em apertar muito mais as medidas face ao que o país já conheceu.

Dentro das escolas, por exemplo, nada muda face ao já determinado. Mas aplicam-se restrições a cafés e restaurantes nas suas imediações (até 300 metros de distância) para impedir que mais do que quatro pessoas se juntem à mesa. O mesmo acontece nas ruas junto às mesmas escolas, duas medidas com clara preocupação de limitar o ajuntamento dos mais jovens após as aulas, até tendo em conta que estarão mais longe uns dos outros dentro daqueles recintos.

Ne mesma medida, nas ruas fica determinado que não pode haver consumo de álcool. E que os ajuntamentos ficam limitados a 10 pessoas. Costa disse nada ter contra festas, mas sublinhou que cabe "a cada um de nós" garantir que a pandemia não se descontrola de novo.

Mais: no comércio, as câmaras municipais vão ter o poder de decidir o que fecha às 20h00 ou, no limite, às 23h00. A decisão será tomada local a local, tendo em conta a situação epidemiológica do mesmo concelho. E mostra como nos próximos meses o país vai viver numa dança com o vírus que terá muitas variações de local para local.

Com um apertão nas regras que não chegou à máscara obrigatória nas ruas (como se aplica em Paris, por exemplo), foi para cada cidadão e para cada empresa que o primeiro-ministro quis passar a responsabilidade, apelando por isso a que todos descarreguem a aplicação Stayaway Covid, para permitir a deteção mais rápida de casos e surtos, evitando fechos generalizado de estabelecimentos. Mas Costa passou também para cada um dos cidadãos a sua própria fiscalização: "Não há melhor fiscal do que cada um de nós", afirmou aos jornalistas, acrescentando que no caso das empresas conta com o reforço dos inspetores do trabalho para garantir que as normas se cumprirão.

Para já, não será preciso mais. Costa ainda fez o lembrete de que desde início de agosto os casos voltaram a subir: "Nas últimas semanas, desde início de agosto tem havido crescimento sustentado de novos casos. Este período de férias, por natural relaxamento do comportamento, seja por aumento de deslocação e encontros, tem contribuído para esses novos casos." Mas sempre dando a segurança de que o sistema de saúde foi reforçado, que a capacidade de testagem foi (e será) reforçada e que o país está hoje mais preparado do que em março ou abril. Para que a tal linha vermelha não tenha mesmo de ser ultrapassada.

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