O Bloco de Esquerda já retirou as suas conclusões sobre a auditoria à gestão do BES/Novo Banco e reclama que os resultados sejam mesmo declarado “nulos”. Convicto de que esta investigação não foi feita com “seriedade, rigor ou independência”, o partido desafia tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa a pronunciarem-se sobre o assunto.
Foi numa conferência de imprensa na sede do partido, esta sexta-feira, que a deputada Mariana Mortágua explicou as razões pelas quais o partido concluiu que a Deloitte não foi séria nem rigorosa na análise que fez à gestão dos bancos. Tudo porque, como o "Jornal Económico" noticiou, a consultora prestou assessoria financeira ao Novo Banco na venda da seguradora GNB vida - hoje Gama Life - à Apax Partners, que acabou por beneficiar de um 'desconto' de 67 milhões de euros em relação ao valor que um ano antes tinha sido acordado.
Ora a venda da seguradora é mencionada no relatório da auditoria, mas, segundo revelou Mortágua, não é referida a perda de dinheiro que o negócio representou para o Estado, nem a ligação ao gestor Greg Lindberg, condenado no ano passado, nos Estados Unidos, por corrupção e fraude fiscal (uma ligação que o Novo Banco veio negar em comunicado, há semanas).
Dadas essas omissões e o envolvimento que a consultora teve no negócio, Mortágua lançou a questão: "Como pode um consultor de uma venda auditar essa venda?". E respondeu: "Não pode". Como não pode, para o Bloco, apresentar neste contexto uma investigação séria: "Isto coloca em causa a auditoria".
Para os bloquistas, a conclusão é clara: a auditoria deve ser considerada nula. Resta saber se primeiro-ministro e presidente da República respondem ao desafio e se pronunciam sobre a validade da investigação.
O partido de Catarina Martins tem estado a aumentar a pressão sobre o dossiê Novo Banco: depois de ter forçado o envio desta auditoria ao Parlamento, pediu mesmo, esta semana, a constituição de uma Comissão de Inquérito sobre a gestão do banco. E a pasta quente deve influenciar as negociações do Orçamento do Estado: como o Expresso noticiou, uma das reuniões que já estão marcadas será com o Ministério das Finanças, precisamente para trabalhar propostas relacionadas com o Novo Banco.
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