O mês de Agosto potenciou o silêncio à esquerda. Do PS não se ouviu nem leu uma palavra, nem boa nem má, sobre as declarações da ministra do Trabalho e Segurança Social e da esquerda também ainda ninguém tinha vindo a terreiro falar do tema que tem aquecido o espaço público, desde a entrevista de Ana Mendes Godinho ao Expresso. Ainda antes de os intervenientes principais nesta trama terem falado (primeiro a própria ministra e depois o primeiro-ministro), Catarina Martins criticava, mas não ia mais além do que isso.
"As afirmações foram infelizes, porque não se deve relativizar as tragédias que aconteceram. Ainda que noutros sítios tenha corrido bem, tragédias não se relativizam", disse Catarina Martins esta terça-feira de manhã numa visita à Guarda.
A líder bloquista prefere levar o assunto para outros temas, nomeadamente para a relação do Estado com estas instituições que prestam cuidados. "Estamos estupefactos com a falta de projeto do Governo para o que vai acontecer agora. O mais preocupante é que não estamos a ver nenhum projecto para alterar os procedimentos e os cuidados em Portugal. Isso é muito grave".
Para o BE, o foco agora tem de ser não só nos apoios e no investimento nos lares, mas também na sua fiscalização. "O modelo de fiscalização destas instituições tem de mudar", defendeu. "É preciso mais exigência sobre o modo como funcionam e mais apoio à qualificação dos seus trabalhadores", disse. Além, defendeu, da estreita relação entre Saúde e Segurança Social. "Não tem sentido que a saúde trate de uma parte e Segurança Social de outra e que depois ninguém trate de nada".
O tema das instituições que prestam cuidados vai ser colocada pelo BE nas negociações que se avizinham. Catarina Martins diz que "estamos a viver um momento delicado no nosso país" e que "é preciso fazer essas escolhas. Não é armazenar pessoas".
"O investimento que vem deve servir também para refazermos a política de cuidados para garantir que as pessoas que precisam de cuidados não são fechadas e não são esquecidas, mas cuidadas", defendeu, lembrando que "Reguengos não foi caso único" e que é preciso preparação para "a segunda vaga" que não será "só sanitária, é da economia, é social", disse.
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