Marcelo deixa farpa a Costa e Rio sobre o fim dos debates quinzenais

O Presidente já tinha sido questionado sobre o fim dos debates quinzenais, mas até este domingo tinha recusado comentar com a frase que usa habitualmente quando prefere fugir a uma pergunta: "O Presidente não comenta assuntos relativos à Assembleia da República". Desta vez, Marcelo também começou assim, mas a pergunta da jornalista no Algarve foi um pouco mais longe do que das outras vezes: "Acabar [com estes debates] não prejudica a imagem que os portugueses têm do Parlamento?". E Marcelo deu um passo em frente.

"Só posso falar por mim", começou o chefe de Estado em jeito de preâmbulo". E deixou uma frase: "Eu, quando foi candidato à Presidência, discuti com todos os candidatos. E se vier a ser candidato, assunto sobre o qual não pensarei antes de novembro, obviamente discutirei com todos os candidatos presidenciais". Ficava o recado, muito discreto: ele, Marcelo, acha que se deve debater.

E mais longe não parecia querer ir, mas... ainda foi. Perante a insistência do jornalista sobre a má imagem que possa sobrar desta decisão, tomada por PS e PSD, Marcelo acrescentou assim: "Não cabe ao Presidente da República fazer apreciações sobre o Parlamento e líderes partidários. Os líderes partidários certamente, quando decidem certas coisas, têm a exata noção das reações que suscitam nos portugueses. Mas só eles são juizes da bondade ou menos bondade dos seus atos."

Recorde-se o facto, não traduzido pelo Presidente: os líderes de PS e PSD (únicos partidos que votaram o fim dos debates quinzenais do primeiro-ministro na AR, mesmo assim com divisões internas) são António Costa e Rui Rio.