Política

Banco de Portugal. Iniciativa Liberal quer travar Centeno nos tribunais

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal
PEDRO NUNES

João Cotrim Figueiredo defende que nomeação de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal não deve acontecer antes de findo o processo legislativo que ainda decorre na Assembleia da República.

Banco de Portugal. Iniciativa Liberal quer travar Centeno nos tribunais

Liliana Valente

Coordenadora de Política

Banco de Portugal. Iniciativa Liberal quer travar Centeno nos tribunais

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Mário Centeno foi esta manhã ouvido no Parlamento com vista à sua nomeação para governador do Banco de Portugal. E esta seria a última (e primeira) prova que precisaria de dar para que a sua nomeação fosse efectiva. Depois da audição, o Parlamento aprova um relatório descritivo, sem qualquer obrigação de ser vinculativo. Contudo, a Iniciativa Libera decidiu dificultar e pôs mais uma pedra no caminho de Centeno: vai ter de ultrapassar uma providência cautelar.

A decisão foi anunciada na audição pelo deputado João Cotrim Figueiredo. "Dada a insatisfação com o processo legislativo, iremos interpor providência cautelar para que nomeação não ocorra antes do processo legislativo", anunciou o líder da IL. Para Cotrim Figueiredo esta acção, que visa travar a ida de Centeno para governador é feita "enquanto cidadão em defesa das pessoas que [o] elegeram". "Penso que esse direito ainda me assiste", justificou-se.

Esta acção poderá assim fazer resvalar um pouco os calendários. Mais que não seja porque o tribunal terá de avaliar a validade da acção. A intenção é que o processo de nomeação fosse rápido, até porque termina esta terça-feira o mandato do atual governador, Carlos Costa.

A intenção da IL é que a nomeação formal não ocorra antes que a Assembleia da República discuta e vote a proposta do PAN, de criação de um período de nojo entre o Ministério das Finanças e a liderança do banco central. Sobre este assunto, que foi também tema da audição e que provocou uma discussão acesa entre Cecília Meireles (CDS) e Mariana Mortágua (BE), os bloquistas já disseram que consideram que há conflito de interesses para quem sai da banca, mas não para quem sai de cargos públicos. E o PSD, que disse concordar genericamente com a lei, diz que seja qual for o seu resultado, não se deve aplicar ao processo de nomeação que já decorre.

A providência cautelar poderá assim não ter o efeito esperado, apenas político. Resta, no entanto, saber quais os argumentos jurídicos que darão corpo à providência.

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