Política

Durão Barroso assume que não teria apoiado invasão do Iraque com os “dados de hoje”

LAJES. A conferência de imprensa da cimeira das Lajes, a 16 de março de 2003
LAJES. A conferência de imprensa da cimeira das Lajes, a 16 de março de 2003
reuters

O antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia responsabiliza os Estados Unidos pelos “erros muito graves” que foram cometidos no Iraque e reconhece que não teria apoiado a decisão se soubesse o que sabe hoje

Durão Barroso reconhece que a decisão de patrocinar a invasão do Iraque com a realização da Cimeira das Lages, a 16 de março de 2003, é “legitimamente controversa” e que, com os dados hoje disponíveis, “provavelmente” não teria apoiado os Estados Unidos.

Na primeira edição do podcast “Atlantic Talks”, organizado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e conduzido pelo jornalista Filipe Santos Costa, o antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia responsabiliza a Administração norte-americana pelo que aconteceu depois da invasão ao Iraque, não só porque de facto não existiam armas de destruição maciça mas também porque foram cometidos “erros muito graves”. “[O processo] foi muitíssimo mal gerido. Limpar toda a administração do Iraque foi um erro . Não foi sensato”, culpabiliza Barroso.

O social-democrata sublinha também que Portugal foi então confrontado com uma decisão muito complexa: apoiar a estratégia de dois dos seus mais antigos aliados, Estados Unidos e Reino Unido, e da vizinha Espanha, ou manter uma posição mais neutral. Apesar de países como França e Alemanha terem sido muito vocais nas críticas à invasão iraquiana, Barroso tomou a primeira opção.

“A minha posição foi muito prudente desde o início. ‘Não queremos a guerra, mas não somos nós, Portugal, que decidimos se há uma guerra ou não. Se houver uma guerra entre o nosso maior aliado, uma grande democracia, e a ditadura de Saddam Hussein não podemos ser neutros’”, reforça agora, quase 20 anos depois, Durão Barroso.

O ex-primeiro-ministro nega ainda que a sua ascensão até presidente da Comissão Europeia tenha estado relacionada com a Cimeira das Lajes, recordando, precisamente, que França e Alemanha estiveram desde sempre contra a decisão. “[Essa ilação] não tem base. Pelo contrário, não se pode ser presidente da Comissão Europeia sem o apoio de França e Alemanha”, assegura.

Ouça todo o podcast aqui, no site da FLAD.

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