Foi em dezembro de 1977 que António Costa Silva foi detido. Não foi por falta de aviso. Desde que se lançou no Comité Amílcar Cabral, primeiro, e na Organização Comunista de Angola, depois, que o Governo do MPLA dava sinais de que iria atrás de quem se lhe opunha. Mesmo que a oposição viesse de dentro, como era o caso. “Na rádio nacional começou a pedir-se a prisão dos esquerdistas”, recorda o amigo Nicolau Santos, que viveu com ele esses dias lá em Luanda. Para Costa Silva, maoista, crítico da linha “social-democratizante” do primeiro Governo independente de Angola, liderado por Agostinho Neto, o alerta era para ser levado a sério. Mas ele ficou, na clandestinidade. Até àquele dia.
Nos primeiros três meses de prisão, na solitária, António Costa Silva teve a companhia de Manuel Enes Ferreira, um dos poucos críticos do MPLA que decidiram ficar por lá com ele. “A cela tinha dois metros por dois”, conta Enes Ferreira. Três meses em dois metros quadrados. Foi lá que Enes escreveu um poema que guarda até hoje.
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