Depois das críticas do BE, PCP e CDS, o PAN alinha-se na oposição e rejeita negociar qualquer plano económico com António Costa Silva, o novo conselheiro do primeiro-ministro, que foi revelado este fim de semana pelo Expresso. O porta-voz e deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza, André Silva, garante que está disponível para negociar o plano para o pós-crise mas não com "paraministros" e acusa ainda o conselheiro de ser um “lobista” dos sectores que conduziram à crise das alterações climáticas .
"O PAN afirma-se, como até aqui, disponível para reunir com o Governo através do senhor Primeiro-Ministro ou dos Ministros ou Secretários de Estado sectoriais, que são quem tem legitimidade democrática e assume a responsabilidade política pelas suas decisões, manifestando contudo, desde já, a nossa indisponibilidade para reunir com alguém que se apresente nas negociações como “paraministro”, afirma André Silva.
Para o deputado, embora o Governo tenha garantido a "independência" do homem que irá discutir o Programa de Recuperação Económica com ministros, partidos e parceiros sociais, Costa Silva, enquanto gestor da petrolífera Partex, partilha uma visão económica para o país baseada em receitas ultrapassadas de "produção a todo o custo", com "destruição de ecossistemas" e do "património natural" também na retoma.
"A ser este o caminho escolhido, o Governo estará a contrariar em toda a linha aquelas que têm sido as orientações das instituições da União Europeia e da ONU quanto ao futuro pós Covid-19, que deverá ter como eixo central o combate às alterações climáticas e pela descarbonização da economia", acrescenta.
O PAN defende que o caminho do pós-Covid não deverá passar pelo regresso à austeridade, mas sim pela construção de um novo modelo económico climaticamente neutro, que garanta "emprego duradouro, incentive as energias renováveis, priorize o investimento no sector dos bens e serviços ambientais, crie empregos verdes e introduza mudanças profundas no sector energético, na indústria, na mobilidade, no sector agro-alimentar e na construção civil".
André Silva insiste, por isso, que escolha de Costa Silva deverá ser reavaliada pelo Executivo "porque coloca o lobby do petronegócio e do negócio das grandes poluidoras no Conselho de Ministros, do negacionismo das alterações climáticas e abre a porta ao incumprimento das metas da descarbonização da economia no pós Covid-19".
No sábado, também o BE, PCP e CDS recusaram negociar um plano económico para o pós-crise com o "paraministro", apenas o PSD manifestou disponibilidade para se reunir com Costa Silva – em nome de uma "oposição responsável" –, apesar de não deixar de lamentar a falta de experiência do gestor na governação.
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