Política

Marcelo falou com Centeno. Tirar-lhe o tapete? “Um equívoco”

Marcelo falou com Centeno. Tirar-lhe o tapete? “Um equívoco”
aNTÓNIO COTRIM / LUSA

Parece um guião de uma pré-crise política. E cumpriram-se todos os passos. Costa divergiu de Centeno. Centeno entalou Costa. Marcelo abalroou Centeno. Centeno ameaçou demitir-se, chocado com Marcelo. E Marcelo ligou-lhe a desfazer "o equívoco". Não o quis demitir (nem podia), mas divergiu dele e continua a divergir. Tudo bem ... até ver.

Marcelo falou com Centeno. Tirar-lhe o tapete? “Um equívoco”

Ângela Silva

Jornalista

Marcelo Rebelo de Sousa telefonou na quarta-feira à noite ao ministro das Finanças a deitar água na fervura da pré-crise política que foi acusado de ter ajudado a incendiar. O Presidente manteve a sua posição sobre a questão de fundo - que a injeção de 850 milhões no Novo Banco deveria ter esperado pelos resultados da auditoria em curso ao banco - mas quis desfazer o "equívoco" de que teria tirado o tapete ao ministro.

"O Presidente da República não demite ministros. Não faz sentido passar a ideia de que o PR quis tirar o tapete ao ministro das Finanças", argumenta-se no Palácio de Belém. Mas daí a dizer-se que Marcelo terá pedido desculpas a Mário Centeno, dizem as fontes da Presidência, "também vai um equívoco".

O que Marcelo Rebelo de Sousa percebeu foi que a sua demarcação do ministro e os termos em que o fez, considerando que as Finanças não deviam ter dado luz verde à injeção no NB sem auditoria, incendiou os ânimos no Ministério. E levou o ministro a pedir uma audiência ao primeiro-ministro disposto a pedir a demissão.

Marcelo era absolutamente contra a saída de Centeno nesta altura e articulou com o primeiro-ministro que era vital segurá-lo. Quando percebeu que o ministro se preparava para bater com a porta culpando o Presidente, Marcelo decidiu entrar em cena. Demarcar-se do ministro era uma coisa. Mas ficar como culpado por uma crise política quando a origem de toda esta polémica veio de uma divergência no seio do Governo, seria inaceitável.

Centeno terá alegado na conversa com António Costa que após a intromissão do Presidente da República numa questão do Governo não se sentia em condições para continuar. E Marcelo, após um telefonema com Costa em que ficou ao corrente do clima de rutura latente em S. Bento, telefonou ao ministro apostado em apagar o incêndio.

Após três horas de reunião, saiu fumo branco de S. Bento. António Costa conseguiu segurar o ministro das Finanças. E Marcelo viu fontes próximas do ministro passarem para os média a notícia de que lhe teria pedido desculpa. Amor com amor se paga.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: AVSilva@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate