Os transportes públicos "não foram o caos que se pensava", os portugueses tiveram civismo e "interiorizaram o uso de máscara" e o regresso à atividade não se refletiu em crescimento de infetados ou internados - Marques Mendes fez um "balanço positivo" dos primeiros oito dias de desconfinamento no seu comentário no Jornal da Noite da SIC este domingo. Mas advertiu que, a nível económico, "as notícias são más", e "a recessão pode ser maior do que se pensa, se o turismo demorar mais a recuperar". "O pior ano da troika foi 2012, e este ainda é pior que o pior do tempo da troika", frisou
As "más notícias" económicas, segundo Marques Mendes, começaram com o adiamento a nível europeu da apresentação das ajudas aos países, "sobretudo os que a UE aponta como poder vir a ter uma recessão profunda, nomeadamente Portugal. Há o risco de chegar ao verão e não ter chegado o dinheiro, e quanto mais tarde pior.
Sobre a reabertura das creches, Marques Mendes diz ter "uma grande preocupação" e defende que "algumas regras que foram definidas pelo Governo são impraticáveis, o distanciamento de dois a três metros entre crianças é impossível". Relativamente aos lares e a possibilidade de voltar a haver visitas, apelou ao Governo para "dar uma luz ao fundo do túnel, dizer se é em junho ou quando poderá ser", frisou, lembrando que "até ao momento ainda não houve uma reunião para definir um plano" e que "os nossos idosos estão muito vulneráveis, há dois meses em isolamento sem poder receber familiares".
"A popularidade de Costa disfarça os ministros fraquinhos"
Relativamente às praias, o comentador referiu ter sabido "pela manchete do Expresso" que se preparam coisas como "cercas e drones, o que é impraticável, parece que estamos em estado policial". Marques Mendes pede aqui ao Governo "medidas de bom senso", a "confiar no civismo dos cidadãos" e prestando muita informação às pessoas. "A praia é fundamental para a saúde" e após longas quarentenas em casa, "as pessoas precisam de respirar, gozar a liberdade de serem felizes", sublinhou.
A nível político, o destaque da semana para Marques Mendes foi a polémica com o Novo Banco, considerando que o Primeiro-Ministro foi desautorizado pelo ministro das Finanças, ao "despachar o dinheiro sem o consultar" - não sendo justificável que fosse erro de comunicação. "Eles não falam, quando se trata de dar 850 milhões de euros?", questionou.
Comentando a atuação de Rui Rio, sustentou que o líder do PSD "foi sério na TAP", mas foi "infeliz quando comparou uma empresa de comunicação social a uma fábrica de sapatos". Sobre a proposta do Chega para um plano de confinamento da comunidade cigana, frisou que "André Ventura não está preocupado com os ciganos, está preocupado em dar nas vistas e ter uma causa, mas foi à lã e saíu tosquiado".
Marques Mendes defendeu que a crise da pandemia mudou a política portuguesa "muito mais do que se imagina" a começar pela governação. "António Costa está com grande popularidade, e isso dá-lhe poder", frisou o comentador, sustentando que "a popularidade de António Costa disfarça os ministros fraquinhos". A circunstância da Covid-19 deixa a oposição numa situação difícil, e quem vai viabilizar o próximo orçamento "ou é a geringonça ou o próprio PSD", pois "ninguém em Portugal ia perceber uma crise política" a meio da pandemia ou "a interromper a recuperação", concluiu.
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