Luís Marques Mendes considera que a ação de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, contribuiu para a polémica sobre a celebração do 25 de Abril. “Ferro Rodrigues não andou bem neste processo, nem no início nem durante.”
“Cometeu um erro logo no início, concertando com o Governo e o PSD e subalternizando os outros partidos”, afirma Marques Mendes. Mas foi depois que o comentador da SIC viu os maiores problemas. “Não andou bem em várias entrevistas que deu. Não por ter dado entrevistas, mas pelo tom que usou.” Para o comentador, esse tom “serviu para acicatar os ânimos” e nunca foi de “humildade, de sensibilidade, de bom senso”. Foi antes “de altivez e arrogância”. Para Marques Mendes, o presidente da AR tem de se lembrar que “é a segunda figura do Estado”, a quem se exige “que seja uma pessoa abrangente, capaz de fazer consensos e não de radicalizar”.
Em sentido contrário, Marques Mendes elogiou a intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a celebração. “Pôs fim à polémica com dignidade, com unidade nacional”, referiu o comentador, que considerou o discurso “dos melhores que [Marcelo] fez no 25 de Abril”.
“Tem havido pouca oposição”
Marques Mendes considera que “tem havido pouca oposição” ao Governo e que isso se nota na falta de reação aos problemas das empresas. “Passou o mês de março, quase abril, e a maior parte do dinheiro [das linhas de crédito do Governo] ainda não chegou às empresas. Tem de ser dada uma explicação”, atira o comentador, que considera que os partidos têm responsabilidade nessa falta de resposta.
“Ninguém questiona? Ninguém pergunta? PSD e CDS precisam de ser mais acutilantes, sobretudo para que as boas intenções do Governo não fiquem pelo caminho”, considera Marques Mendes, referindo-se ao último debate do Governo com os partidos.
Além da demora na chegada do dinheiro às empresas, o comentador da SIC apontou como problemas os mais de quarenta mil pedidos que entraram na SPGM (garantias mútuas), dos quais cerca de onze mil foram aprovados, num valor a rondar os 2,5 mil milhões de euros. “Tudo indica que vão ficar milhares de empresas de fora. O que vai o Governo fazer?”, pergunta. E ainda o lay-off simplificado, em que “as queixas têm sido muitas”.
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