Política

Portugal quer um “plano europeu de recuperação muito ambicioso”. Europa só deverá aprovar programa em junho

Portugal quer um “plano europeu de recuperação muito ambicioso”. Europa só deverá aprovar programa em junho
ANTÓNIO COTRIM/Lusa

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros defende que o plano de recuperação económica deve assentar as bases no orçamento europeu para os próximos quatro anos

Portugal quer um “plano europeu de recuperação muito ambicioso”. Europa só deverá aprovar programa em junho

Liliana Valente

Coordenadora de Política

Augusto Santos Silva resfria a expectativas sobre o que poderá sair esta quinta-feira de mais um Conselho Europeu, desta vez informal: para já, os líderes europeus só darão ok ao que ficou decidido no último Eurogrupo, em que foi delineada a resposta rápida de cerca de 540 mil milhões de euros, e só no final da Primavera, início do verão e que se será definitivamente aprovado o plano de retoma económica, num encontro entre os líderes europeus que normalmente acontece no final de junho.

É para este calendário que apontam as baterias portuguesas. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, diz que o que já foi decidido "é positivo", mas que "são avanços que não são suficientes". Por isso, esta reunião do Conselho Europeu servirá para que os líderes dos 27 comecem a partir pedra política sobre o que será o fundo de recuperação económica, mas não terá decisões a esse respeito: "É um conselho europeu informal cujo objetivo é de natureza intermédia: validar o consenso a que se chegou e abrir o caminho a novas medidas necessárias. Para que, algures no fim da primavera ou início do verão, os líderes europeus possam reunir-se para as decisões finais", disse à saída da Concertação Social onde o primeiro-ministro ouviu os parceiros sociais sobre o próximo Conselho Europeu. O calendário, na cabeça do ministro português atira uma decisão final sobre o plano de retoma económica algures para junho, quando alguns Estados-membros até já estão a levantar medidas de restrição.

Olhando para o que está a ser discutido, Santos Silva diz que apesar de positivos, os avanços "não são ainda suficientes" e por isso espera-se que o Conselho Europeu "mandate a Comissão Europeia para que possa apresentar brevemente uma proposta de financiamento para o programa de relançamento económico". "Esse plano de recuperação económica e social tem de ter a ambição à dimensão da crise que se abateu" com a pandemia.

Portugal apoia a ideia da presidente da Comissão Europeia de que o fundo esteja ligado ao orçamento europeu. "Parece-nos uma solução inteligente", disse Santos Silva que também apoia a solução de ser a "UE, beneficiando da sua notação financeira, a contrair o empréstimo" para financiar o fundo. A discórdia vai também acontecer no terceiro ponto em discussão: a forma como será distribuído o fundo pelos Estados-membros.

Neste ponto, Portugal "inclina-se para todas as soluções que permitam não sobrecarregar os Estados-membros com dívidas excessivas" ou seja, que o ponto de partida para que seja utilizada a margem para se obter consenso seja que a distribuição deva ser feita por "subsídios ou subvenções" e não empréstimos. Em cima da mesa está a possibilidade de haver uma distribuição mista: por subvenções e subsídios e por empréstimos.

Apesar de esvaziar o balão das expectativas, Santos Silva espera que este encontro por videochamada entre os líderes europeus chegue a algumas linhas: "É muito importante que resulte num passo em frente, significando um plano de recuperação muito ambicioso" e que daqui "não resultem assimetrias entre Estados-membros", disse.

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