Política

Costa: austeridade seria “contraproducente”. País “em várias velocidades” durante meses

Costa: austeridade seria “contraproducente”. País “em várias velocidades” durante meses
MÁRIO CRUZ

Em entrevista à rádio Observador, Costa pediu às pessoas que não desistam das férias de verão - sobretudo cá dentro - mas admitiu que políticos não se podem antecipar aos técnicos. Nacionalização da TAP é hipótese

O regresso completo à normalidade demorará bastante tempo - pelo menos até haver nova vacina - e até lá teremos um país “a várias velocidades”, com um novo ano letivo possivelmente condicionado e medidas de restrição que poderão ser aplicadas de forma diferente consoante as regiões. A seguir, virá a crise económica - e aí o Governo tentará impedir que se aplique a receita “errada e contraproducente” da austeridade… sabendo que a crise é “imprevisível”.

São algumas das conclusões a retirar da entrevista que o primeiro-ministro concedeu, esta terça-feira, à rádio Observador. Para já, e a dias de mais uma renovação do estado de emergência, não há garantias quanto ao levantamento das medidas de restrição; apenas que este será “gradual e progressivo” e que começará pelas que dizem respeito ao “direito dos trabalhadores” (a suspensão do direito à greve, por exemplo?).

Durante a entrevista, foram vários os momentos em que António Costa deu mostras de desejar o regresso a, pelo menos, uma certa normalidade. Em contradição com as recomendações da Comissão Europeia, o primeiro-ministro considerou que dentro de algumas semanas os portugueses poderão pensar em férias de verão - de preferência “cá dentro” - e não escondeu que gostaria de ver o regresso de parte dos alunos mais velhos às aulas presenciais a partir de 4 de maio. Contudo, os especialistas não dão garantias de que tal seja possível e aos políticos, admitiu Costa, cabe esperar pelas orientações técnicas e evitar “precipitações”.

Por isso, até a normalidade ser possível (e isto, assumiu, pode demorar e influenciar até o próximo ano letivo), o país “seguramente” irá funcionar “a várias velocidades”. Como ainda não diz, mas uma das possibilidades será levantar as medidas de restrição em ritmos diferentes considerando as diferentes partes do território.

TAP pode ser nacionalizada (e o tabu Centeno)

E depois? Apesar de se ter focado muito ainda na crise sanitária, o primeiro-ministro deixou algumas pistas de futuro. Se o discurso do Governo é, para já, completamente anti-austeridade - uma receita que Costa considera, como disse e repetiu, “errada” e “contraproducente”, isso não significa que a profunda crise que se avizinha não seja “imprevisível”. E, por isso, o primeiro-ministro já admite que os funcionários públicos possam não ser aumentados em 2021, numa altura em que a esquerda começa a fazer pressão para que o Governo explique qual o caminho que pretende adotar em termos de política económica - e sendo certo que as decisões europeias terão nisto uma influência crucial.

Para já, Costa admite nacionalizar a TAP - “não se pode excluir” essa hipótese, assumiu - mas garante que o plano para o aeroporto no Montijo é para manter. De resto, a estratégia económica segue dentro de momentos. O mesmo para a continuação, ou não, de Mário Centeno no Governo, um tabu que Costa preferiu voltar a não desfazer.

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