A vida de um Presidente da República em quarentena

Jornalista
Fechado há uma semana na sua casa de Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa está a viver uma experiência única. Com o país em choque, o Presidente que joga (e ganha) no campeonato da proximidade vê-se, subitamente, fora de jogo.
Aconselhado a isolar-se após ter estado com alunos de uma escola infetada, Marcelo — que começou por desvalorizar os riscos, mergulhado em beijos e abraços — mudou 180 graus, vive dias raros e já confessou “um gozo fininho” por estar ele a fazer tudo.
De manhã, entregam-lhe à porta os jornais portugueses e estrangeiros que ele normalmente já leu online. Às 9 horas em ponto, fala com o chefe da sua Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, e recebe correio, a que responde logo.
Durante a manhã, lê os numerosos telegramas diplomáticos, vê informações que lhe enviam de Belém e fala telefonicamente ou por Skype com os chefes da Casa Civil e Militar, pelo menos três ou quatro vezes.
À tarde, recebe mais correspondência e telegramas, lê e responde. E entre a tarde e a noite é quando fala com homólogos estrangeiros, com o presidente do Parlamento, com o primeiro-ministro ou outros membros do Governo, em especial a ministra da Saúde.
Com os colaboradores, contacta inúmeras vezes por dia, por telefone, Facetime ou Skype. “As ciber capacidades do PR têm-se desenvolvido muito nestes dias”, comenta um deles.
Pelo meio, tem os afazeres domésticos e refeições. Marcelo come pouco e nestes dias tem comido ainda menos, embora lhe tenham abastecido o frigorífico e ele compense com suplementos alimentares. “Ainda ontem interrompemos uma conversa porque o PR tinha que tratar de uma urgência doméstica”, relatam no Palácio. Uma aventura quase a acabar.
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