Política

Líder do CDS: “O centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador”

Líder do CDS: “O centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador”

O novo líder CDS insistiu na urgência de uma grande coligação com Rui Rio e não esqueceu (embora sem o mencionar) André Ventura: “Se não nos encarregarmos de fazer a história da Direita em Portugal, outros, vindos das franjas, com voz de protesto, a farão por nós”. Centeno no Banco de Portugal merece chumbo

Líder do CDS: “O centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador”

Ana Baião

Fotojornalista

Longe vão os tempos em que qualquer líder democrata-cristão se podia dar ao luxo de repetir a máxima que Paulo Portas consagrou: “À direita do CDS, uma parede”. Entalado entre um PSD que se quer afirmar rigorosamente ao centro e uma concorrência inédita à direita (Iniciativa Liberal e, sobretudo, Chega), Francisco Rodrigues de Santos, o primeiro orador do encontro das ‘direitas’ organizado pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL), subiu ao palco da Culturgest para refletir essa mesma tensão: a de um partido que não quer ser parceiro menor do PSD, mas que precisa do PSD e de um projeto de centro-direita para impedir que a outra direita cresça até tornar o CDS irrelevante.

“Mais do que federar, fundir ou coligar-se, o centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador”, reconheceu Francisco Rodrigues dos Santos, parecendo referir-se, implicitamente, a Rui Rio. Não foi por acaso que as primeiras palavras do novo líder democrata-cristão tenham servido, precisamente, para traçar a estratégia para os três grandes desafios eleitorais que se seguem: presidenciais, autárquicas e legislativas. Na corrida a Belém, “procurando unir em lugar de fragmentar”; nas autárquicas, “em listas comuns, sempre que isso sirva o melhor interesse das populações e sempre que isso permita vencer a esquerda”; e, por fim, nas legislativas, “construindo uma proposta de compromissos que ofereça aos portugueses uma solução de governo”.

É esta receita de Francisco Rodrigues dos Santos: apoiar, previsivelmente e ao lado do PSD, um candidato que não fragmente - André Ventura, leia-se, fragmenta; fazer coligações pré-eleitorais em todos os concelhos onde pareça eleitoralmente vantajoso; e negociar uma proposta comum ainda antes das legislativas, antecâmara de uma coligação pós-eleitoral, sugeriu o líder do CDS, sem resistir em dar uma bicada a Rui Rio: “A responsabilidade é enorme, e exige que todos saibamos estar à sua altura, sob pena de, perdidos em agendas particulares e em jogos palacianos, sairmos do próximo ciclo eleitoral mais enfraquecidos do que entrámos”.

Se este projeto falhar, outros vencerão. “Se não nos encarregarmos de fazer a história da Direita em Portugal, outros – porventura vindos das franjas, com voz de protesto – a farão por nós, ou ‘ela mesma se fará’’, dispensando o nosso contributo. O populismo, onde quer que ele se aloje, resulta sempre da fraca solidez do regime, e só pode ser combatido pelos partidos que, em lugar de falar ao povo, alimentando-se e amplificando o seu descontentamento, se põem do seu lado e lhes oferecem soluções equilibradas”, avisou Francisco Rodrigues dos Santos.

Para combater o “socialismo, o extremismo e o populismo”, enquanto tenta afirmar o CDS como “força tranquila, mas implacável”, o democrata-cristão deixou quatro eixos fundamentais da sua agenda: “a defesa intransigente de medidas de apoio às famílias” e aos “mais frágeis”, incluindo o combate à eutanásia e o reforço da rede de cuidados paliativos; a reforma da Justiça e o combate cerrado à corrupção; a defesa da Democracia, através de medidas como a limitação de mandatos para todos os cargos eletivos e o aumento do período de nojo para antigos responsáveis políticos de forma a impedir eventuais conflitos de interesse, como pode ser o caso da previsível transição de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal; e, por fim, a “redução continuada da pressão fiscal sobre as famílias e as empresas, devolvendo poder de compra às primeiras e liquidez às segundas”. “Um sistema fiscal que promova a mobilidade social e que não seja o seu entrave”, rematou o líder do CDS.

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