Política

Marques Mendes: o coronavírus, a eutanásia, a ascensão de Ventura (nas sondagens) e os problemas de Costa

Marques Mendes: o coronavírus, a eutanásia, a ascensão de Ventura (nas sondagens) e os problemas de Costa

No seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC, Marques Mendes falou do combate à epidemia à escala global e do tema quente do momento. Fez ainda a sua leitura aos números divulgados pela sondagem Expresso/SIC

Marques Mendes: o coronavírus, a eutanásia, a ascensão de Ventura (nas sondagens) e os problemas de Costa

João Miguel Salvador

Coordenador digital

A epidemia de coronavírus foi um dos temas centrais do habitual espaço de comentário de Luís Marques Mendes, no Jornal da Noite da SIC deste domingo. Para o analista político, “a China está a viver um momento politico dificil, tanto interna como externamente”. E dá exemplos. Dos “dirigentes de zonas mais afetadas que foram demitidos”, houve purgas, às personalidades que foram selenciadas depois de darem a conhecer a dimensão da doença, são vários os sinais de que o país não está a lidar com o problema da melhor forma. O próprio Presidente já veio reconhecer “falhas na previsão e combate a esta catástrofe”.

No plano económico também já começam a surgir os primeiros sinais de alerta, “para a economia da China e por arrastamento para a economia mundial”, com a Standard & Poor's a admitir “que o crescimento pode baixar na China”. Haverá consequências à escala global, defende o comentador da SIC.

Sobre a forma como as autoridades portuguesas estão a lidar com a crise relacionada com o coronavírus, Marques Mendes considera que “as nossas autoridades só podem merecer elogios, tanto a DGS (na ação e na comunicação) como o Instituto Ricardo Jorge". Os 18 portugueses e duas brasileiras que saíram ontem de isolamento também mereceram uma palavra de apreço. Como recomendação foi deixada a necessidade de se fazer a seu tempo "uma revisão cirurgica da Constituição", que abra a possibilidade de se proceder a uma quarentena obrigatória em caso de necessidade.

A DEFESA DO REFERENDO À EUTANÁSIA

“Tenho opinião [sobre a eutanásia] há quatro anos, quando ainda nao havia projetos de Lei. Defendia já na altura que devia ser feito por referendo”, recordou Marques Mendes sobre o assunto. ”Não é que a Assembleia da República não tenha legitimidade ou não tenha havido debate.” O que está em causa é “a autoridade política de alguns deputados”.

“Vivemos numa democracia representativa”, mas os deputados representam o povo para os temas tratados nas campanhas. Uma vez que este não foi um tema tratado pelos grandes partidos, os deputados eleitos “não têm mandato de representação, estão a representar-se a si mesmos”.

Marques Mendes deu ainda como razões para a defesa de um referendo ao tema o facto de a “eutanásia ser algo de consciência individual”. “As pessoas não delegam as suas consciências” e esta matéria “não deve ser decidida por uma maioria ocasional porque essa maioria pode mudar”, defendeu também.

Quanto à posição de Marcelo Rebelo de Sousa, o comentador diz nunca ter falado com o Presidente da República sobre este assunto, pelo que se sente à vontade para analisá-lo. "O espaço de manobra de um PR nestas matérias é muito reduzido. Convocar ou não o referendo não depende de si. Está de mãos atadas." Também o veto político terá pouco peso. Será no Tribunal Constitucional que tudo poderá decidir-se.

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O CRESCIMENTO DE ANDRÉ VENTURA E A QUEDA DO PS

"O crescimento exponencial do Chega na sondagem” Expresso/SIC foi outro dos temas em análise este domingo. "A exposição mediática tem um reflexo” e o partido de André Ventura “está a beneficiar também das crises no PSD e no CDS”. Depois há ainda que recordar "a tendência de crescimento dos populismos na Europa".

Quanto à descida do PS, Marques Mendes considera-a "forte", mas diz que "também não surpreende”. Para o comentador, Costa "cometeu um erro" — "devia ter feito um governo novo, tirando as caras mais fragilizadas” — e está sem causas. "Tenho dito que este governo nao tem causas", frisou.

Explicou ainda que "os ciclos politicos são cada vez mais curtos. O ciclo político de Costa já chegou ao pico, já está a descer.” Dos problemas que podem desgastar o primeiro-ministro, Marques Mendes destacou "a saída de Centeno, que será um rombo grande", o Orçamento do Estado para 2021 (que terá "os mesmos ou mais problemas") e a Presidência portuguesa da UE, assim como as autárquicas. "Se as eleições forem no final da legislatura, o PSD tem grandes possibilidades" de ter um bom resultado.

Ainda em relação a uma putativa saída de Centeno para o Banco de Portugal, o comentador expressou que não beneficiaria "a imagem de independência", mas recorda que já aconteceu três vezes com governantes do PSD e deixa uma garantia. "Quando Centeno for governador não fará fretes ao Governo. Vai ser um verdadeiro ministro sombra."

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