A comissão executiva do CDS qualifica as polémicas declarações de Abel Matos Santos sobre Aristides Sousa Mendes, Salazar e a PIDE como “afirmações antigas, algumas com mais de 10 anos”, e defende que foram “repristinadas” com o “firme propósito de prejudicar todo o CDS”. Uma nota de esclarecimento emitida esta sexta-feira por aquele órgão do partido acrescenta que “a forma pública como [Matos Santos] se distanciou do rótulo ignóbil que lhe quiseram colar é já clarificadora” e que a direcção do CDS “regista a mensagem cristalina que dirigiu hoje pessoalmente à Comunidade Israelita de Lisboa, na qual reafirma o seu empenho em honrar a história do povo judeu e a memória dolorosa do Holocausto”.
O comunicado dos responsáveis do CDS surge na sequência da revelação de afirmações de Abel Matos Santos, em que este membro da direção do CDS, escolhida durante o congresso que decorreu no passado fim de semana, se refere a Aristides Sousa Mendes, que salvou numerosos cidadãos da perseguição nazi, como “agiota de judeus”. Na sua conta do Facebook, Matos Santos deu, também, vivas a Salazar e qualificou a PIDE, a polícia política do Estado Novo, como “a melhor polícia do mundo”.
As declarações geraram embaraço e indignação no interior do próprio partido. O ex-vice-presidente do CDS-PP António Pires de Lima exigiu esta sexta-feira ao novo líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, que "retire a confiança política" ao dirigente Abel Matos Santos, dada a "gravidade das declarações" que fez sobre Salazar e Aristides Sousa Mendes. "Peço ao dr. Francisco Rodrigues dos Santos que tenha uma posição clara nesta matéria, retire a confiança política ao dirigente Abel Matos Santos pela gravidade das declarações que proferiu e que, como consequência, Abel Matos Santos deixe de fazer parte do órgão da direção do partido", pediu António Pires de Lima
No comunicado de hoje, a direção do CDS afirma que o partido é “humanista, personalista, profundamente tributário dos princípios democráticos, da obediência ao primado da dignidade da pessoa humana, da tolerância, e do respeito pelos povos” e que nas suas hostes “não há espaço para o racismo, para a xenofobia, para o anti-semitismo, para a intolerância ou para qualquer saudosismo de regimes que não assentem na liberdade”. Na nota, os responsáveis do CDS garantem repudiar “com veemência qualquer afirmação passada, presente ou futura que se afaste” daquela matriz.
O CDS sempre defendeu “o Estado de Israel, os direitos do povo judeu e a paz justa no Médio Oriente”, sendo “tempo de seguir em frente e de não permitir que os equívocos e mal entendidos do passado nos comprometam o futuro”, conclui a nota de esclarecimento.
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