É oficial: PSD vai votar contra Orçamento

Rui Rio confirmou o que já se previa: o PSD vai mesmo votar contra o Orçamento do Estado. Líder elencou os defeitos do documentos diante dos deputados do PSD
Rui Rio confirmou o que já se previa: o PSD vai mesmo votar contra o Orçamento do Estado. Líder elencou os defeitos do documentos diante dos deputados do PSD
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Está confirmado: o PSD vai mesmo votar contra o Orçamento do Estado. Após alguns dias de suspense, e por entre críticas dos candidatos que querem desafiar a sua liderança - e que pediam um anúncio mais rápido -, Rui Rio anunciou esta terça-feira que o documento não merecerá o voto favorável dos sociais-democratas, elencando mesmo os sete defeitos (com uma virtude pelo meio) que vislumbra no Orçamento.
Numas jornadas parlamentares que, ao contrário do que é habitual, decorreram dentro das paredes da Assembleia da República, os vários painéis de debate dedicaram-se a fazer a análise do documento. Tudo para, como defende Rio, poderem fazer uma crítica fundamentada e não anunciarem que vão "votar contra por votar contra", embora, como até o líder do PSD admitiu esta tarde, fosse mais do que previsível o sentido de voto do partido.
O dia acabou assim com o anúncio do voto desfavorável, feito pelo presidente do partido e da bancada, e justificado em sete pontos. Apesar de Rio até ver uma virtude neste Orçamento - o superávite, que em pequenas doses "é positivo", embora neste caso apareça "à boleia de fenómenos" que não mostram "mérito nenhum" da parte do Governo - quase tudo são defeitos, e em quase tudo o Orçamento vai de encontro às prioridades do PSD.
A saber: o aumento da carga fiscal; a falta de incentivos às PMEs e à poupança; a evolução do investimento público; a falta de reformas da administração pública; a execução real do Orçamento (que, neste momento, mais parece uma “peça de teatro”) mas, sobretudo, um ponto prévio a isto tudo, que já seria “suficientemente grave” para o documento não merecer o voto do PSD: “Não tem uma estratégia, não se pretende nada”.
Sobre a questão da execução, ou não, do Orçamento, Rio fez ainda questão de fazer uma previsão política sobre o futuro de Mário Centeno: "Os orçamentos, até aqui, foram elaborados para agradar à esquerda e executados para agradar a Bruxelas. Este é apresentado para agradar à esquerda e será executado para agradar a Bruxelas se Centeno ficar o tempo todo... porque o que eu acho é que ele não vai ficar o ano todo", vaticinou.
E foi às picardias com Mário Centeno que Rui Rio resolveu regressar para fechar o longo discurso. Lembrando a discordância dos dois sobre uma discrepância de 500 milhões de euros entre dois quadros do OE, que levou a que Centeno acusasse Rio de não perceber nada de economia ou de nunca ter visto fazer um Orçamento, Rio ripostou: "Centeno disse uma série de inverdades, que é a palavra que inventaram para alguém que quer ser muito moderado", e voltou a questionar sobre o paradeiro dos 500 milhões. Ainda fez uma incursão pelos números da execução do orçamento da câmara do Porto nos seus tempos de autarca, também para responder a Centeno. Foram, aliás, dois dos momentos que mais entusiasmaram os deputados, depois de 40 minutos de explicações sobre finanças públicas.
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