Quatro anos depois, Costa tem um presente para os portugueses: um SNS mais forte
Tiago Petinga/ LUSA
Primeiro-ministro reconhece problemas no Serviço Nacional de Saúde e dedica mensagem de Natal à saúde dos portugueses. A cumprir a segunda legislatura, Costa grava discurso natalício em Unidade de Saúde Familiar da capital
António Costa decidiu que este era o ano de fugir à tradição em pleno Natal. Depois de ter visitado os militares portugueses no Iraque, o primeiro-ministro também não se apresentou em São Bento para a habitual mensagem reservada para o dia 25 de dezembro. Em vez da residência oficial, escolheu a Unidade de Saúde Familiar (USF) do Areeiro, em Lisboa — que entrou em funcionamento no passado dia 16 — para se dirigir aos portugueses.
Tornava-se então óbvio o tema a que dedicaria mais tempo: o "compromisso" do Governo de reforçar orçamentalmente a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), prometendo atacar a sua "crónica suborçamentação" e eliminar de forma faseada as taxas moderadoras.
"O SNS - universal, geral e tendencialmente gratuito - constitui uma das maiores conquistas da democracia", reforçou, lembrando que permitiu prestar assistência a todos os que dela necessitam nos últimos 40 anos. Isto "em momentos de especial fragilidade e independentemente da respetiva condição económica".
O primeiro-ministro diz estar ciente de que "a saúde é atualmente uma das principais preocupações dos portugueses e que há vários problemas para resolver no SNS". Identificou também os cuidados de saúde primários como "a base do SNS e o melhor caminho para atingir a meta de cobertura universal em saúde".
Por tudo isso, Costa afirma que "a proposta de Orçamento de Estado para 2020, já apresentada na Assembleia da República, contempla o maior reforço de sempre no orçamento inicial da saúde e confere maior autonomia aos hospitais para garantir uma maior eficiência e responsabilidade na gestão do seu dia a dia".
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OS OUTROS DESAFIOS
Além da saúde, o primeiro-ministro frisou também a necessidade de ter em conta outras temáticas, uma vez que o país "enfrenta muitos outros desafios". Em causa está "o combate às alterações climáticas, à pobreza, pelo acesso à habitação, a melhoria do emprego, da educação e o fortalecimento do crescimento económico". António Costa assumiu mesmo que pretendeu hoje deixar aos portugueses "uma mensagem de compromisso e confiança, olhos nos olhos, nesta noite" de Natal.
Numa das poucas notas foram do âmbito da política de saúde, o líder do executivo desejou "um feliz Natal a todos os que residem em Portugal e às comunidades portuguesas da diáspora".
O primeiro-ministro transmitiu, ainda, um "abraço fraterno aos que, nesta quadra, estão longe dos seus familiares, em particular aos que estão a trabalhar assegurando o funcionamento de serviços essenciais e aos militares e membros das forças de segurança que se encontram em missão no estrangeiro".
UM DISCURSO DIFERENTE
Na sua mensagem de Natal do ano passado, o primeiro-ministro frisava a melhor das condições no país, mas aproveitava o balanço pré-eleições para marcar o tom dos meses seguintes. "Estamos melhor, mas ainda temos muito para continuar a melhorar", disse António Costa numa mensagem transmitida em direto nas televisões. "A primeira condição é dar continuidade às boas políticas que nos têm permitido alcançar bons resultados", pedia à época o primeiro-ministro.
O objetivo de "eliminar o défice e continuar a reduzir a dívida, (...) e que é fundamental para reduzir os juros que Estado, empresas e famílias pagam" também não foi esquecido na mensagem do ano passado, algo que viria a dar frutos já em 2019 com o decréscimo do défice. Sem se deixar "iludir com os números", Costa destacava os valores positivos da criação de emprego e dos médicos de família, assim como o crescimento da economia acima da média europeia.
Deixava ainda a necessidade de se "continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho, aumentar o investimento na educação, na formação ao longo da vida, na criação cultural e científica, na inovação". O território, o interior e a natalidade foram destacados como desafios.