De onde veio e para onde vai a deputada que está em rota de colisão com o Livre. Em seis anos de vida, nunca aquele partido conheceu tal mediatismo. A responsável, para o bem e para o mal, tem um nome: Joacine Katar Moreira. Esta é a história dela: “Eu sou o desconforto”, assume, nesta investigação do Expresso que faz capa da Revista esta semana
"És uma fraude. És preta. Não serves para nada, mesmo morta.” A mensagem surge no telemóvel de Joacine Katar Moreira com um aviso sonoro e a deputada do Livre mostra-a. É uma, mas há mais. Muitas mais, com ameaças mais ou menos veladas, outras de puro racismo, de ódio e de desprezo. Desde que foi eleita para o Parlamento que se habituou a lidar com estas “ondas de ódio”, que lhe invadem também as redes sociais e para as quais, confessa, “não estava preparada”. Mas não mostra medo nem sinais de desistir. “Aguento tudo”, diz ao Expresso.
A vida foi-lhe sempre difícil e agora que aceitou começar a desfiá-la a pedido de muitos jornalistas, torna-se óbvio que há muito se preparou para pisar terrenos minados. “Até o meu pai me diz: ‘Quem ouve as tuas entrevistas, acha que tiveste uma vida horrível.’ E eu digo: mas era horrível, pai. Era mesmo.”
Nasceu há 37 anos, em Bissau, de uns pais tão jovens que a chegada da bebé os apanhou de surpresa e lhes provocou um susto tamanho que ainda Joacine não tinha três anos e já cada um tinha decidido ir à sua vida. A avó paterna, enfermeira pediátrica e mulher de armas, sempre acumulou as tarefas de mãe com as de avó. Acolheu o filho, a nora e a neta na sua casa de matriarca e, na hora da separação do casal, implorou a todos os santos para que lhe deixassem a miúda e seguissem com a vida deles.
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