Rui Tavares sobre voto de Joacine: "Não é caso para se rir, pelo contrário"

Rui Tavares escreveu "Carta para perplexos": "Quando toda a gente está perplexa, não se pode fazer de conta que a perplexidade não existe"
Rui Tavares escreveu "Carta para perplexos": "Quando toda a gente está perplexa, não se pode fazer de conta que a perplexidade não existe"
Jornalista
Rui Tavares decidiu abrir uma exceção e usar o seu espaço de opinião no Público para escrever sobre o Livre. "A única exceção é esta: quando não escrever seria ainda mais prenhe de significado do que ter escrito", afirma o fundador do partido, que começa por desdramatizar o voto desalinhado de Joacine Katar Moreira sobre Gaza.
"O facto é que haver posições distintas entre a deputada do Livre (que se absteve num voto de condenação pela 'nova agressão israelita a Gaza) e a direção do Livre (que é desde a sua fundação pelo reconhecimento da independência da Palestina) demonstra precisamente" - escreve Rui Tavares - "que da mesma forma que a liberdade de voto é respeitada, o partido também pode (eu diria, deve) afirmar qual é a sua posição política".
Mas logo a seguir, Tavares encontra outras e mais profundas razões para a perplexidade instalada: "É que Joacine Katar Moreira emitiu também um comunicado em que disse que quereria também ter votado a favor da resolução, mas que em vez disso se absteve no voto". "Foi então - conclui o historiador, que já não integra a direção do partido - o primeiro caso de indisciplina de voto na história da política em que deputada e partido, afinal, concordavam no sentido de voto a tomar".
"Não é caso para se rir, pelo contrário", remata Tavares, que tenta repôr no trilho a agenda do Livre e os seus "valores", "os da esquerda verde europeia, que faltava a Portugal e tem que ser representada com consistência".
A direção do Livre decidiu no domingo à noite manter a confiança política na deputada, embora assumindo "dificuldades de comunicação".
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