Acabaram as tréguas do PCP ao Governo socialista. Na reunião do comité central do último domingo, os comunistas deixam claro que o atual quadro político "é distinto dos últimos anos" e dão sinais claros de insatisfação perante as primeiras iniciativas do Governo.
Desde logo, criticam a pressa com que o Executivo de António Costa arrancou a Legislatura. "Ao contrário do que sucedeu em 2015, em 2019 o Governo, num escasso espaço de tempo, tomou posse, apresentou o seu programa e entrou em funções". Depois, os motivos de preocupação dos comunistas crescem, primeiro com o teor do programa apresentado ao Parlamento e, depois, com o anúncio da intenção de fechar, em sede de Concertação Social, um acordo de rendimentos com alcance de médio prazo.
O programa do Governo de Costa "dá prioridade ao défice e à dívida, em prejuízo da Administração Publica e dos seus serviços" e "dá prioridade a visões assistencialistas em prejuízo de opções de justiça na distribuição da riqueza". Já a Concertação Social "trava o crescimento do rendimento das famílias e não responde à emergência nacional do aumento geral de salários".
O tom do comunicado final do comité central do PCP é por isso, cheio de expressões como "retrocessos", "constrangimentos" ou "decisões inaceitáveis". São estes os termos que servem para descrever o atual percurso do Governo socialista e das propostas que vão sendo divulgadas. Em tempo de discussão do Orçamento de Estado para 2020, o PCP considera mesmo importante a "denúncia das limitações e opções da política do Governo PS, bem como do confronto com a ofensiva reaccionária que procura encontrar espaço para os seus projectos antidemocráticos".
Os apelos à "importância da luta dos trabalhadores e do povo" e os apelos a uma "intensa intervenção" do PCP no próximo ano fazem também parte das conclusões da reunião da cúpula comunista. Já o Congresso que vai decidir sobre a manutenção ou saída do atual secretário geral ficou marcado para os dias 27, 28 e 29 de novembro de 2020.
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