26 outubro 2019 15:37
tiago miranda
Governo toma posse e aprova o seu programa, com um (ligeiro) piscar de olho à esquerda
26 outubro 2019 15:37
O Programa do Governo será divulgado este domingo, pouco depois da tomada de posse, que ocorreu este sábado de manhã, e da primeira reunião do novo Conselho de Ministros, marcada para este sábado à tarde. No essencial, o programa que o Governo levará a discussão no Parlamento (o que pode acontecer já para a semana) é o mesmo que foi apresentado pelo PS antes das eleições legislativas. Aliás, uma das principais novidades desse programa - a organização em torno de quatro eixos estratégicos - justifica a organização adotada na arrumação dos vários ministérios. Apesar disso, conforme o Expresso noticiou na sua edição do passado dia 12, o programa de Governo terá alguns ajustamentos, introduzidos pelo PS como sinal de “boa vontade” para os partidos à sua esquerda.
Uma das novidades, conforme o Expresso então antecipou, tem a ver com as alterações ao sistema eleitoral para a Assembleia da República - a esquerda teme ser prejudicada por alterações como a introdução de círculos uninominais, e o PS quer sinalizar que, a bem de futuros entendimentos com BE, PCP, PAN e Livre, essa não será uma prioridade para esta legislatura. “São pequenas alterações que vão de encontro às preocupações manifestadas pelos outros partidos de esquerda, como sinal de boa vontade relativamente ao futuro”, diz ao Expresso um responsável socialista envolvido neste processo. Apesar do PS não ter chegado a acordo escrito com nenhum dos partidos à sua esquerda, e de só o PAN ter assumido a disponibilidade para conversas prévias à apresentação do programa de Governo, fontes socialistas asseguraram ao Expresso que nas últimas duas semanas houve conversas informais com os antigos parceiros da geringonça, com PAN e com o Livre. E que as novidades do programa de Governo refletirão esses contactos.
Esta quinta-feira, num encontro à porta fechada com o seu grupo parlamentar, António Costa mostrou-se confiante no diálogo à esquerda ao longo dos próximos quatro anos e afastou riscos de uma crise política a meio do mandato, quando haverá eleições autárquicas. “Este Governo é para quatro anos, comigo não há pântanos”, disse o líder socialista, citado pela Lusa, numa referência à demissão de António Guterres, em 2001, depois de uma derrota nas eleições locais, a meio do mandato.