O PSD foi da esperança ao medo, voltou a respirar de alívio, teve 22 deputados eleitos e acabou por perder um por uma nesga de votos, enquanto o CDS tardava a somar para eleger os lugares que faltavam para uma maioria de centro direita. Quando as contas fizeram 24 deputados, ouviram-se gritos de alegria na sede, na Rua dos Netos, no Funchal.
A vitória sem maioria era certa desde o início da noite, faltava saber por quantos e se esses quantos dariam para formar uma coligação com os centristas. A contagem dos votos foi favorável ao PSD nos concelhos rurais, o que deu vantagem para aguentar as derrotas em várias freguesias do Funchal e no Caniço, a maior freguesia de Santa Cruz, mas sempre por margens mínimas. No partido, faziam-se contas já sem se esconder o nervoso.
O poder podia mesmo fugir. O CDS, o único parceiro natural do PSD, perdia votos e não havia maneira de eleger o segundo deputado. Os sociais-democratas chegaram a dar como certo o 22, mas fugiu para o PCP, por oito deputados. No fim, os centristas elegeram o terceiro, no caso a terceira deputada. Ana Cristina Monteiro, luso-venezuelana, presidente da associação de apoio aos regressados da Venezuela, garantiu a tal maioria de centro-direita.
PSD e CDS partem para as negociações para formar governo com 24 deputados com Paulo Cafôfo no encalço, a lançar um apelo aos partidos da oposição para formar uma coligação negativa contra o PSD. Contas feitas, essa coligação negativa tem mais deputados do que a coligação de centro direita. Os 19 do PS, os 3 do CDS, os 3 da JPP são mais do que conseguem o PSD e o CDS e não inclui a extrema esquerda. O que era um dos requisitos do CDS para uma possível coligação de centro esquerda e direita na Madeira.
A questão é que o CDS também disse que só faria coligação com quem ganhasse as eleições e quem ganhou as eleições foi o PSD. A outra condição é entrar para o governo e ter uma secretaria regional. Miguel Albuquerque, que desta vez não fez festa, assumiu que pretende começar as negociações com os centristas para a formação do próximo governo e quer uma coligação. Os dois líderes já falaram, mas os detalhes da partilha do poder serão tratados nas próximas semanas.
O processo não será fácil para um partido que está habituado a mandar em maioria e que tem o PS a dizer que, se falhar, está disposto a acolher o CDS num governo contra os sociais-democratas. O CDS, que nestas eleições perdeu quatro deputados, não vai facilitar quando for para escolher as áreas para governar e a presidência e vice-presidência das Assembleia Legislativa da Madeira. Não foi por acaso que, com menos deputados, festejou como se fosse uma vitória. E será quando tomar posse o novo governo.
E é por isso que, uma vez mais, os partidos vão para a assembleia geral de apuramento de terça-feira com o mesmo interesse de há quatro anos. Oito votos separam a eleição do deputado do PCP, que o ganhou o PSD. Tal como há quatro anos. Ora os sociais-democratas têm muitos votos nulos e protestados e, na terça-feira, numa assembleia que começa às nove e meia da manhã, vão tentar respecar esses votos. Se o conseguirem, arrumam de vez o sonho de Paulo Cafôfo, que é reeditar na Madeira uma geringonça.
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