Elisa Ferreira com coesão e reformas na Comissão Europeia durante os próximos cinco anos

O anúncio foi feito há instantes pela presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
O anúncio foi feito há instantes pela presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
Jornalista
A comissária designada por Portugal, Elisa Ferreira, vai assumir a pasta da coesão e reformas no próximo mandato de cinco anos da Comissão Europeia (CE) que tem início a 1 de novembro. O anúncio dos pelouros atribuídos à até agora vice-governadora do Banco de Portugal e ex-eurodeputada foi feito esta terça-feira pela presidente eleita da CE, Ursula von der Leyen.
Na carta de missão que enviou a Elisa Ferreira, Von der Leyen disse que a tarefa da comissária designada por Portugal é “assegurar que a Europa investe e apoia as regiões e os povos mais afetados pelas transições digital e climática, não deixando ninguém para trás enquanto avançamos juntos”.
Uma das funções de Elisa Ferreira, que foi ministra do Ambiente entre 1995 e 1999 no Governo de António Guterres, será a gestão do “novo Fundo Justo de Transição”, anunciado em julho pela presidente eleita. No plano do ambiente, assumido como prioridade por Von der Leyen, a nova Comissão tentará aproximar-se da posição, aprovada em março pelo Parlamento Europeu, de reduzir as emissões de CO2 para 55% em 2030. A presidente eleita disse na altura que “a sua principal prioridade” é “tornar a Europa o primeiro continente neutro” até 2050. Simultaneamente, tentou sossegar os países mais reticentes a comprometerem-se com estas metas, como a Polónia, a República Checa e a Hungria. Von der Leyen prometeu que a “ambição” climática não será “às custas das pessoas e regiões”, defendendo um financiamento para quem está mais atrás.
Na lista com os nomes dos 26 comissários propostos pelos Estados-membros – e que receberam o aval de Von der Leyen – destaca-se o facto de o futuro colégio, que ainda terá de receber o aval do Parlamento Europeu, contar com uma paridade de género inédita: serão 14 homens e 13 mulheres.
O Reino Unido não designou nenhum comissário, uma vez que a sua saída do bloco europeu está prevista para 31 de outubro, a véspera da entrada em funções da nova CE.
Von der Leyen desvalorizou que haja dois comissários investigados pelo Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), a francesa Sylvie Goulard e o polaco Janusz Wojciechowski. Sublinhando que o OLAF é “independente” e “vai acabar o trabalho” que iniciou, a presidente eleita lembrou que “a lista foi aceite pelo Conselho” e que “há sempre a presunção da inocência”.
Na distribuição dos pelouros, há algumas escolhas inesperadas: por exemplo, apesar das questões levantadas pelo Orçamento italiano, o comissário Paolo Gentiloni fica com a pasta da economia. A dinamarquesa Margrethe Vestager mantém-se na concorrência e o irlandês Phil Hogan, atualmente na agricultura, assume o pelouro do comércio, ficando responsável pelas relações económicas com o Reino Unido após o Brexit.
A Comissão Von der Leyen deverá contar com nove membros da maior família política europeia, o Partido Popular Europeu (PPE), entre os quais a própria presidente do Executivo, dez dos Socialistas Europeus (S&D, a sigla de Socialistas e Democratas), entre os quais a comissária de Portugal, seis dos Liberais (a nova aliança Renovar a Europa) e ainda um dos Verdes Europeus e outro dos Conservadores e Reformistas Europeus.
Fechado o elenco executivo e atribuídas as pastas, cada comissário indigitado será submetido ao escrutínio da respetiva comissão parlamentar (nalguns casos, mais do que uma) na assembleia europeia, respondendo a cinco perguntas escritas, antes de ser questionado exaustivamente durante três horas pelos eurodeputados, numa audição transmitida em direto.
Fonte parlamentar confirmou à agência Lusa que as datas de 30 de setembro a 8 de outubro para as audições dos comissários indigitados estão “praticamente confirmadas” e que, se algum ou alguns dos comissários indigitados não passarem no crivo dos eurodeputados, poderão ser agendadas audições adicionais na semana de 14 de outubro, antes de o Parlamento Europeu se pronunciar em definitivo relativamente ao conjunto do colégio, o que deverá suceder a 22 de outubro.
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