31 julho 2019 13:03
Rui Rio e Luís Filipe Menezes
ricardo castelo\nfactos
Após o abraço em janeiro, o antigo líder do PSD enterrou o longo machado anti-Rio para diabolizar Passos Coelho, a quem responsabiliza pelo plano inclinado do PSD. Menezes pede um resultado honroso do partido em outubro, por ser a única alternativa ao Governo face a um CDS-PP de novo relegado a partido do táxi, agora com igualdade de género
31 julho 2019 13:03
O ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes defendeu, na madrugada desta quarta-feira, que o atual patamar do partido “não foi construído” pelo presidente Rui Rio, mas por quem fez “o discurso do diabo” sobre a governação socialista. “Não foi o dr. Rui Rio quem construiu este patamar negativo, íngreme, de que partimos para começar esta corrida”, afirmou Menezes, à saída do Conselho Nacional do PSD, em Guimarães.
“O líder do partido tem dois meses para inverter o plano herdado de quem previu a desgraça de um adversário que teve pela frente uma conjuntura económica favorável, um Presidente da República tolerante e uma geringonça da extrema esquerda que se contentou com meia dúzia de benesses sindicais”, afirmou Menezes, que considera que estava na cara que este Governo ia chegar ao fim da legislatura.
Apesar de entender que um ano e meio é um espaço de tempo demasiado curto para um líder partidário virar inverter crises internas, Luís Filipe Menezes, que aceitou ir como primeiro suplente da lista do círculo do Porto às legislativas, pediu no decurso do Conselho Nacional “um resultado honroso” nas eleições de outubro. Sem nomear o nome de Pedro Passos Coelho, o ex-autarca de Vila Nova de Gaia adverte que os resultados do partido seriam ainda mais baixos do que nas europeias ou do que as sondagens indicam, “se o PSD tivesse continuado com o discurso do diabo”.
Menezes defendeu que o povo nunca gosta de alguém que preveja a desgraça, revelando ter aconselhado Rio a “pensar positivo” até às legislativas e destacar a “história de reformismo que o PS nunca teve”. Para o antigo líder social-democrata, as últimas sondagens apontam para um CDS-PP desesperado e de novo relegado a “partido do táxi”, mas agora com “igualdade de género”. Um cenário que o inimigo de estimação de Rui Rio - sentimento mútuo até ao abraço de janeiro, na noite da moção de confiança lançada por Luís Montenegro ao líder laranja - diz colocar o PSD como único alternativa ao governo socialista.
À pergunta se Rio se deve demitir, caso se confirmem os valores das sondagens mais recentes que apontam para o pior resultado do partido em legislativas, Menezes respondeu ao lado: “Tal não deve depender exclusivamente do resultado do PSD, pois é muito diferente o PS ter 35% ou valores acima dos 40%”.
“O pior ou o melhor tem a ver com as circunstâncias de que se parte”, frisa Luís Filipe Menezes, lembrando que nunca um líder do partido enfrentou um PS forte, no poder e com apenas umas dezenas de autarquias rurais do seu lado”, na sequência da hecatombe das autárquicas de 2017. Questionado sobre as críticas à forma como foi conduzido o processo de indicação das listas de candidatos à Assembleia da República, admitiu que podia ter feito algo diferente, anuindo que “às vezes” a lealdade pode ser mais importante do que a competência.
“Mussolini era super competente, mas um fascista”, rematou. “Temos de unir quem está do nosso lado, não se pode unir quem anda a fazer-nos diariamente a vida negra e a fazer com que a nossa posição seja o mais frágil possível”, garantiu Menezes. O antigo presidente do partido coloca-se assim ao lado de Rio na renovação do PSD - denominada limpeza de balneário pelos críticos -, à semelhança do que fez Alberto João Jardim, na festa do Chão da Lagoa, na Madeira, em que opinou que “um líder que tem deputados que não seguem a sua orientação, tem de pô-los fora.”