31 julho 2019 8:53
rui duarte silva
Conselho Nacional do PSD aprovou as controversas listas de candidatos às legislativas, na madrugada desta quarta-feira, com 80 votos a favor, 18 contra e 10 abstenções. A diferença para as contas de Rio é justificada por David Justino à luz dos estatutos do partido, segundo os quais não contam as abstenções. O presidente laranja diz que o processo foi razoavelmente pacífico
31 julho 2019 8:53
O presidente do PSD, Rui Rio louvou, em Guimarães, na madrugada desta terça-feira, a aprovação das listas de candidatos À Assembleia da República, comentando que o processo negocial foi “nem foi dos mais turbulentos” a que assistiu em quase quatro décadas de vida política. “Atendendo às circunstância foi “razoavelmente pacífico”, até porque não houve “saneamentos selvagens”.
Para Rui Rio, a margem de vitória é um “bom resultado”, lembrando outros processos mais difíceis, como em 1983 ou em 1985. “Este tipo de listas, quando envolvem escolha de pessoas, só não são turbulentos quando o PSD está no poder e o presidente do partido é primeiro-ministro”, frisou já perto das 3 horas da manhã, após mais de quatro horas de reuniões, primeiro com a Comissão Política e quase cinco de Conselho Nacional.
Do total dos votos expressos (108), 74% dos conselheiros presentes votaram a favor, de braço no ar, uma votação feita em conjunto das listas para os 22 círculos eleitorais. Segundo Rio, a aprovação rondou os 82%, mais precisamente 81,6% conforme notou David Justino, que adverte que, de acordo com os estatutos do PSD, não são contabilizadas as abstenções a maioria dos votos.
“É uma vitória para o PSD termos conseguido fazer um equilíbrio onde as pessoas se revêem. Não são listas de privilegiados e os amigos. Há o equilíbrio possível e esse equilíbrio é sempre muito difícil quando se trata de pessoas”, defende Rio. Sobre a intervenção muito crítica de Hugo Soares no Conselho Nacional, o nº1 indicado pela concelhia de Braga e cujo nome “foi o único vetado”pelo presidente do PSD, segundo afirmou Jo secretário geral José Silvano, o líder do partido recusou-se a responder.
Entre as várias críticas, Hugo Soares acusou o líder do seu partido de não gostar do PSD. “Não tive reação nenhuma, só falei no ponto da apresentação do programa eleitoral”, garantiu Rui Rio, que optou por não falar quando foram apresentadas as listas, sublinhando que se ”não respondi lá dentro, não ia responder cá fora”.
Em relação à nova sondagem da TVI que coloca o PSD na tangente dos 20% o PS com 35% ao PS, o líder laranja voltou a desvalorizar os estudos de opinião, em que já afirmou não ser bom. “Saiu uma sondagem a dois meses e tal das eleições em 2015 em que PSD e CDS tinham os piores resultados de sempre e depois ganharam as eleições”, recordou.
Já as linhas gerais do programa político às legislativas teve luz verde com 17 abstenções. Segundo fonte afeta à Distrital do PSD/Porto, os conselheiros nacionais votaram o programa “quase às cegas”, pois só em Guimarães tiveram acesso ao documento“de cento e tal” páginas. “O que se votou foram os índices resumidos em três páginas, já que era impossível analisar o programa na globalidade. Não me lembro de uma coisa assim no partido”, referiu a mesma fonte, aludindo ao facto de o programa eleitoral não ter sido cedido aos conselheiros mais cedo para evitar fugas de informação.
Apesar de o presidente do PSD ter saído satisfeito de mais um desafio a ano e meio de conturbada liderança, os críticos sustentam que o partido está “mais fraturado do que nunca” e que houve quem tenha votado a favor ou abstido-se para “salvaguardar a unidade possível do partido e os resultados ” a 6 outubro. “A 7 de outubro, ninguém quer prejudicar o partido, nem vir a ser acusado de ter ajudado a enterrar do PSD”, acrescenta fonte da Distrital de Braga.
Questionada nos bastidores foi ainda a decisão de fazer votar as listas de braço no ar, enquanto a eleição do novo vice-presidente do PSD, José Manuel Bolieiro, autarca de Ponta Delgada, nos Açores, foi feita por voto secreto. “Se a votação das listas tivesse sido efetuada por voto secreto, a aprovação teria certamente sido menos expressiva”, refere fonte da concelhia portuense.