Política

Cavaco, Guterres, Sócrates e Passos: quando o “estado da nação” anunciava o fim

Os debates do “estado da nação” foram importados dos EUA e chegaram cá quase no fim da era Cavaco. O Expresso foi rever essa estreia, mas também os últimos de Guterres, Sócrates e Passos, para testar se eles são barómetros para o que vem a seguir. A resposta esteve sempre na economia - com uma exceção

9 julho 2019 22:54

David Dinis

David Dinis

Director-adjunto

Reza a história que o debate do estado da nação, que regressa esta quarta-feira ao Parlamento, nasceu em ano de crise. Criado em 1992, durante a segunda maioria absoluta de Cavaco Silva, só se estreou realmente em 1993. O primeiro estado da nação da nossa história não foi o último da era Cavaco – mas a verdade é que foi o pré-anúncio disso mesmo. Não é caso único.

1993 foi o ano em que a crise das economias europeias atingiu em cheio o país. Foi, também por isso, o primeiro em que o ‘cavaquismo’ sofreu na pele uma crise de popularidade séria. À lente do cavaquismo, não podia ter havido pior momento para começar um debate que, copiando a democracia americana, deixava o Governo sob escrutínio (lembrete: na época não havia debates quinzenais com o primeiro-ministro, nem sequer mensais).

Memorize a data: 1 de julho de 1993. O dia em que, sob o signo do “oásis”, a expressão do então ministro das Finanças Braga de Macedo acabaria por cavar mais fundo a crise de confiança no Governo de então. Do púlpito, Cavaco lançou-se contra o "pessimismo decadentista de alguns políticos com responsabilidades". Estes só queriam, disse o então PM, incutir na sociedade uma "descrença fatalista": “Fazem cenários negros, miserabilistas ou fatalistas, geralmente por motivos de mero jogo político. É um ato de miopia", disse Cavaco, lendo um texto que tinha 43 páginas.

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI
(acesso gratuito: basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso. Pode usar a app do Expresso - iOS e Android - para descarregar as edições para leitura offline)