Política

Operação Teia: presidente da Câmara de Santo Tirso demite-se

Operação Teia: presidente da Câmara de Santo Tirso demite-se
D.R.

Joaquim Couto, histórico autarca socialista, deixa o cargo, de acordo com o seu advogado. A demissão surge após ser conhecida a investigação judicial a uma rede de influências suspeita de beneficiar famílias e aparelho do PS

Joaquim Couto, o socialista que preside à Câmara Municipal de Santo Tirso, no distrito do Porto, demitiu-se do lugar.

De acordo com a RTP, que cita o advogado do autarca, Joaquim Couto demite-se da presidência da autarquia e renúncia ao mesmo tempo a todos os cargos públicos.

A decisão do autarca do distrito do Porto foi entretanto comunicada à agência Lusa pelo advogado Nuno Brandão, um dia depois de o Ministério Público ter pedido prisão preventiva para o autarca e para a mulher, a empresária Manuela Couto.

O presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, foi detido na quarta-feira com a mulher, Manuela Couto, sendo suspeito de estar no centro de uma teia de influências políticas que passava por pressionar autarcas e responsáveis de entidades públicas para contratar, maioritariamente por ajuste direto, cinco empresas do seu universo familiar.

Na Operação Teia foi ainda detido o também autarca socialista de Barcelos Miguel Costa Gomes, segundo maior cliente das empresas de comunicação e de organização de eventos de Manuela, suspeito de ter pago cerca de €700 mil nos últimos cinco anos em contratos sobrevalorizados ou viciados.

Na malha da investigação, em curso há três anos e “conexa” com a Operação Éter (desencadeada no outono passado e que levou à prisão preventiva do cliente leonino da mulher de Joaquim Couto, Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal), foi ainda apanhado o presidente do IPO do Porto. Laranja Pontes, colega do curso de Medicina do histórico Joaquim Couto, rubricou com a Mediana — Sociedade Gestora de Imagem e Comunicação uma dúzia de contratos superiores a €360 mil, seis deles divulgados no portal da contratação pública já após Manuela ser detida em outubro na Operação Éter.

Ainda citado pela RTP, o advogado do autarca socialista afirma que a decisão de se demitir da presidência da Câmara não pode ser vista como uma admissão de culpa na Operação Teia.

Detido desde quarta-feira nos calabouços da Polícia Judiciária do Porto, Joaquim Couto e Manuela Couto, tal como o presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, e o ex-presidente do IPO/Porto, Laranja Pontes, conhecerão na segunda-feira as medidas de coação aplicadas pelo juiz de instrução Artur Guimarães.

Eleito pela primeira vez como presidente da Câmara de Santo Tirso em 1982, Couto foi sucessivamente reeleito até 1999. No segundo Governo de António Guterres, foi nomeado governador civil do Porto, mantendo-se nesse posto até 2002.Passou pela Assembleia da República como deputado entre 2005 e 2009, ano em que regressou à vida autárquica para ser eleito vereador da Câmara de Gaia, então sob a presidência do social-democrata Luís Filipe Menezes. Em 2013, voltou a candidatar-se e a ganhar a liderança da autarquia de Santo Tirso, tendo sido reeleito quatro anos mais tarde.

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