Política

Governo (já) não acredita em acordo para salvar Lei de Bases da Saúde

Governo (já) não acredita em acordo para salvar Lei de Bases da Saúde
FOTO NUNO BOTELHO

Afastado o acordo com a esquerda e perante o veto do PSD, o Governo assume que não conseguirá aprovar uma nova Lei de Bases da Saúde. E culpa o Bloco por isso

Os socialistas vão deitar a toalha ao chão. Depois de meses de negociações parlamentares, já ninguém no Governo acredita ser possível salvar a nova Lei de Bases da Saúde. O chumbo anunciado do PSD e a “enorme intransigência” do Bloco de Esquerda deitam por terra as aspirações do PS.

Ao Expresso, fonte do Governo assume o desfecho. “Poderá não haver condições para que uma nova lei seja aprovada”, diz, apontando o dedo a Catarina Martins: “O Bloco de Esquerda quis uma clivagem e acentuou uma diferença para depois manter, talvez por muitos anos, uma lei que permite tudo.”

Na cabeça dos socialistas, a lógica é esta: apesar de não proibir taxativamente a existência das Parcerias Público-Privadas (PPP) na Saúde, a nova proposta de Lei de Bases tinha a vantagem de impor condições muito mais restritivas para o recurso às PPP; ora, ao escolher juntar-se à direita para chumbar o diploma, o Bloco está, assim, a preservar a “Lei de Cavaco Silva”. “Do lado do Bloco de Esquerda existe uma enorme intransigência para manter uma lei que permite PPP de toda a maneira e feitio sem qualquer limitação. Percebo que não subscrevam, mas compreendo menos que votem contra”.

O PS, aliás, tem feito questão de distinguir a postura negocial de Bloco e de PCP, na tentativa de tornar claro que foram os bloquistas a roer a corda. “O PS tem mantido uma posição de abertura, com atitude recíproca do PCP. O PS e o PCP foram fiéis ao processo negocial e foram o mais longe que puderam. Nada do que foi negociado com o PCP põe em causa o que foi solicitado pelo Presidente da República e as linhas vermelhas do PSD”, nota a mesma fonte do Governo.

Esta quinta-feira, o jornal "Público" já fazia contas à eventualidade de o Bloco chumbar a Lei de Bases da Saúde chegando a uma conclusão óbvia: o PS precisava do PSD para a aprovar o diploma. Mas, como se explica aqui, essa hipótese não existe. “Se decide negociar com a esquerda, o PS terá de viabilizar a lei de bases com a esquerda”, disse Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD, ao Expresso, garantido que o partido nem sequer tenciona abster-se na votação. O chumbo é garantido.

Para o Governo, o processo chegou ao fim da linha e não há mais margem para negociação. “Não me parece que seja a poucos dias da votação que se vá reverter todo um processo negocial”, sentencia o mesmo membro do Executivo.

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